São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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Montadora nega congelar preço de carro

'Se fizermos compromisso, é cartel', diz presidente da Anfavea; México fica mais atraente com custo de produção menor

Importador se encontra com ministra da Casa Civil e quer acordo antes de recorrer à Justiça contra novo IPI

DE SÃO PAULO

A Anfavea (associação das montadoras) declarou que não se comprometerá em manter o preço do carro nacional congelado, mesmo após a elevação em 30 pontos percentuais do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos importados.
"Não necessariamente o carro nacional vai subir por falta de competição. Até porque a disputa entre os produtos locais é grande", disse Cledorvino Belini, presidente da entidade.
O executivo, que também dirige a Fiat, alegou que desde 2005 o preço médio do carro no Brasil sobe menos que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
A mudança pode representar reajuste de 25% a 28% nos preços para o consumidor que comprar um carro que tenha menos de 65% de componentes fabricados no país.
A alíquota de IPI variava de 7% a 25%, dependendo da potência e do tipo de combustível. Agora, ficará entre 37% e 55%. Para as empresas que cumprirem a nacionalização exigida pelo governo, não haverá mudança.
Questionado se as montadoras se comprometeriam a manter os preços, Belini afirmou que "se fizermos [esse] compromisso, é cartel". "Com a concorrência, o mercado limita qualquer aumento de preço. O compromisso é as empresas manterem seu '[market ]share' [participação nas vendas]."
O aumento do IPI pode beneficiar a produção na Argentina e, principalmente, no México, devido aos acordos que possibilitam a isenção do Imposto de Importação de 35%, cobrado de chineses e coreanos, por exemplo.
Os acordos têm regras menos rígidas do que aquelas que passaram a valer na sexta-feira, pois a exigência é de 60% de peças produzidas em quaisquer das partes (Brasil, Argentina ou México) para evitar elevação no tributo.
O presidente da Anfavea admitiu que "o México é mais competitivo, mas há toda uma estrutura logística que deve ser levada em conta". Estudo da própria Anfavea aponta que o custo de produção de um carro no Brasil é 60% maior do que na China (usada como parâmetro). No México, é só 20% superior.

IMPORTADOS
Os importadores mudaram a estratégia e decidiram que vão a Brasília pressionar o governo a voltar atrás nos 45 dias para aumento do IPI.
Ontem, o presidente da Abeiva (associação dos importadores de veículos), José Luiz Gandini, se encontrou com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) em São Paulo e pediu uma reunião para tratar do assunto.
Antes, a Abeiva tinha acusado o governo de ceder ao lobby das montadoras instaladas no país. Para a associação, o prazo dado pelo governo é inconstitucional e deveria respeitar os 90 dias previstos na Constituição para adaptação das empresas à nova alíquota.
(FELIPE NÓBREGA, TATIANA RESENDE e VENCESLAU BORLINA FILHO)


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