São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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IPI maior pode frear investimento chinês

Para associação chinesa, "política instável" brasileira levará montadoras a reavaliar construção de fábricas

Para representante de empresas chinesas no país, conteúdo nacional inicial deveria ser de 30%, e não de 65%

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Veículos de importadora em pátio localizado em Pirituba, na cidade de São Paulo; vendas cresceram desde sexta-feira

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O aumento do IPI para carros importados reduzirá a quase zero a exportação chinesa para o Brasil e freará os investimentos de montadoras "devido à política instável do governo brasileiro", prevê a Associação dos Passageiros de Carro da China (CPCA, na sigla em inglês).
"Há inúmeras formas de evitar uma disputa comercial. É completamente desnecessário jogar um ajuste abrupto que provoca estragos à confiança mútua", afirmou, em entrevista à Folha, Cui Dongshu, vice-secretário-geral e economista sênior da CPCA, que envolve todas as empresas que atuam no mercado brasileiro.
"Elas [montadoras chinesas] devem dar conta de que estão sob enorme risco de mudanças de política no mercado brasileiro. É provável que sejam reavaliadas decisões sobre construir fábricas no Brasil e sobre a implantação de produção local de peças [conteúdo nacional]."

MAIS TEMPO
O representante da CPCA sugere ao governo brasileiro que encontre uma solução negociada para a importação de carros chineses. Segundo ele, o governo deveria ter "dado tempo suficiente para a nacionalização dos carros chineses até o passo final de 'fabricado no Brasil'".
Uma proporção inicial de conteúdo nacional, afirma, poderia ter sido de 30%, e não os 65% exigidos pelas novas regras de investimento.
Cui prevê "extinção das exportações chinesas em termos de quantidade" para o Brasil, de forma semelhante ao que aconteceu na Rússia, após aumento dos impostos para carros importados.
Pelo menos três montadoras chinesas anunciaram planos de montar fábrica no Brasil: a Chery, a JAC Motors e a Lifan. Outras fabricantes, como a Great Wall e a BYD, estariam avaliando a possibilidade.

PROJETO DE US$ 400 MI
O projeto mais adiantado é o da Chery, um investimento de US$ 400 milhões para produzir 150 mil carros por ano e 4.000 empregos diretos. As obras da fábrica em Jacareí (SP) começaram em julho, com a expectativa de término em 2013.
Procuradas ontem pela Folha, nenhuma das três fabricantes com planos de investimento para o Brasil se pronunciou. Na semana passada, o representante da JAC no Brasil, Sérgio Habib, havia afirmado que o decreto inviabiliza a construção da fábrica. O Brasil é o principal mercado externo para automóveis de passageiros chineses -representou 16% das exportações do mês passado, segundo a CPCA.
A importância do Brasil é notória no caso da Chery: as vendas aumentaram 413% nos primeiros cinco meses do ano em relação a 2010, alcançando 13.605 unidades.
A reportagem procurou o Ministério do Comércio da China ontem, mas não obteve resposta.


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