São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011 |
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ANÁLISE SAFRAS Abastecimento de soja volta a depender da América do Sul FERNANDO MURARO JR. ESPECIAL PARA A FOLHA A edição deste mês do relatório de oferta e demanda do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reafirmou que o quadro de abastecimento da soja não saiu do lugar em relação ao do ano passado no país. Assim, na temporada 2011/12, a oferta ficará, outra vez, nas mãos da América do Sul, cuja safra começa a ser plantada com a chegada das chuvas da primavera. De toda maneira, a situação da soja nos EUA é bem mais tranquila que a do milho, que foi mais afetado pelo clima. Para a soja, o Usda estima produtividade de 46,9 sacas por hectare, com queda anual de 3,9%. Para o milho, a estimativa é de 154,9 sacas por hectare, com quedas de 3,1% na comparação com o ano passado, quando o cereal já havia tido quebra de safra, e de 6,7% em relação ao potencial de 166 sacas por hectare. Chamou a atenção no relatório deste mês o fato de o Usda ter elevado ligeiramente a previsão de rendimento para a soja e de ter reduzido ainda mais a estimativa para o milho, plantado ali ao lado. Isso se explica pelo calor e pela falta de chuva em julho, durante a polinização do milho. Em agosto, período reprodutivo da soja, as chuvas continuaram abaixo da média, mas as temperaturas voltaram ao normal, o que limitou as perdas da oleaginosa. Os números finais da safra norte-americana serão revelados pelo Usda somente em janeiro de 2012. Ajustes nas produtividades de alguns Estados, como o superestimado Illinois, por exemplo, ainda poderão acontecer. De todo modo, não devem ocorrer grandes alterações. Tudo indica que a produção ficará mesmo entre 80 milhões e 84 milhões de toneladas (90,6 milhões em 2010). Com produção menor, o Usda trabalha também com demanda mais baixa, tanto no esmagamento para produção de óleo e farelo como na exportação do grão. A expectativa é de consumo total de 86 milhões de toneladas, abaixo dos 89 milhões de 2010/11. Mesmo assim, a previsão é de estoques finais de apenas 4,5 milhões de toneladas, o que equivale a 19 dias de consumo, um dos níveis mais baixos da história. Na temporada anterior, foram 6,1 milhões e 25 dias. A safra menor nos EUA teve como resultado a manutenção dos preços em torno US$ 14 por bushel (27,2 quilos) nos últimos 60 dias na Bolsa de Chicago. Em 31 de agosto, o grão registrou suas melhores cotações desde as máximas históricas de 2008. Por isso, a soja deve ganhar entre 2 milhões e 3 milhões de hectares na América do Sul. Mas a nova temporada será marcada por muitas dúvidas sobre a safra e os preços devido ao fenômeno La Niña, que está voltando a ganhar força, e às turbulências cada vez mais evidentes do mercado financeiro. FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas. Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Setor analisa algodão em SP de olho no futuro Índice | Comunicar Erros |
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