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BC chinês eleva juros pela 1ª vez desde 2007 para conter inflação
Alta de 0,25 ponto percentual é medida mais dura de Pequim para tentar frear hiperaquecimento
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Em decisão inesperada, o
banco central chinês anunciou ontem o primeiro aumento em taxas de juros após
quase três anos, em meio a
preocupações para controlar
a inflação e a especulação
imobiliária.
Em nota, o Banco Popular
da China informou que, a
partir de hoje, a taxa de depósito para um ano passa de
2,25% para 2,5%. Já o juro para empréstimo sobe de 5,31%
para 5,56%. O último aumento havia sido feito em dezembro de 2007, quando a taxa
chegou a 7,47%.
A decisão ajudou a derrubar as Bolsas mundiais. Em
Nova York, o índice Dow Jones recuou 1,5%, e a Bovespa
teve queda de 2,6%.
Trata-se da medida mais
dura adotada pela China para conter o hiperaquecimento provocado pelo pacote bilionário de estímulo lançado
durante a crise financeira de
2008 -quando a taxa de juros também foi cortada.
A inflação acumulada dos
últimos 12 meses chegou a
3,5% em agosto, acima da
meta de 3% para este ano. O
setor que mais preocupa é o
imobiliário, com os preços
fora de controle nas principais cidades do país.
A alta da taxa de juros gerou preocupações entre analistas de que haverá aumento
na entrada de capital especulativo na China.
Por outro lado, a imprensa
estatal justificou a medida
afirmando que os juros estavam negativos (inflação
maior do que as taxas de depósito).
Antes do aumento dos juros, o maior parceiro comercial do Brasil vinha adotando
ao longo dos últimos meses
outras medidas para contra-arrestar a pressão inflacionária e a especulação imobiliária, incluindo aumentos do
depósito compulsório bancário e a restrição de crédito para a compra de imóveis em
grandes cidades.
No final de março, o vice-governador do banco central
chinês Zhu Min disse que as
taxas de juros são uma "arma
pesada" e que medidas menos fortes vinham dando resultados.
Embora a inflação continue um problema, o governo
vem conseguindo desacelerar o ritmo da segunda economia mundial. Analistas
ouvidos pela agência Reuters
estimam que o país deve
crescer 9,5% entre julho e setembro. No segundo anterior, o crescimento do PIB
chinês foi de 10,3%.
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