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Nacionalização na Venezuela freia negócios com o Brasil
Embarque de máquinas agrícolas é suspenso após governo Chávez encampar empresa de implementos agropecuários
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
A nacionalização da principal empresa de implementos agropecuários da Venezuela, a Agroisleña, parou a
produção brasileira de máquinas e equipamentos agrícolas que tinham como destino o país vizinho.
Desde o início deste mês,
os fabricantes se viram diante da indefinição sobre vendas, recebimentos e com
quem negociar no principal
importador dos produtos
brasileiros desse segmento.
Os embarques previstos foram suspensos, e a produção
encomendada, paralisada.
Segundo levantamento da
Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas
e Equipamentos), a paralisação representa cerca de US$
20 milhões (R$ 33 milhões)
em negócios não efetivados.
A estimativa de negócios
com a Venezuela neste ano
era de US$ 150 milhões.
A Agroisleña, que passou
a se chamar Agropátria após
decreto do presidente Hugo
Chávez, mantinha cerca de
70 lojas na Venezuela e era
responsável pela maioria das
importações brasileiras. No
país de origem, a empresa
respondia por 60% do mercado agrícola.
PARALISAÇÃO
Na região de Ribeirão Preto, empresas exportadoras
como a Casale Equipamentos, de São Carlos, a Jumil Implementos Agrícolas, de Batatais, e a Marchesan Tatu,
de Matão, estão com produtos e produção parados.
A mesma situação é verificada nas fabricantes Nogueira, de São João da Boa Vista;
Montana, de São José dos Pinhais (PR); e Stara, de Não-Me-Toque (RS). As seis são as
principais exportadoras brasileiras de máquinas e equipamentos agrícolas.
Na Jumil, a produção de
máquinas para plantio foi
paralisada por falta de garantias. A empresa tinha encomendas da Venezuela de cerca de US$ 7 milhões.
As máquinas já produzidas, segundo o presidente da
companhia, Rubens Dias de
Morais, estão paradas na empresa à espera de autorização
para embarque.
O gerente de exportação
da Casale Equipamentos, Gilberto Dias Proença, afirmou
que quatro embarques de
equipamentos para pecuária
foram suspensos.
"Compramos materiais,
montamos os equipamentos
e agora não temos a certeza
do embarque e se vamos receber", disse Proença.
Na Nogueira, a produção
de máquinas para preparar
alimentos para bovinos foi
suspensa. A Folha apurou
que os negócios com a
Agroisleña giravam em torno
de US$ 4 milhões.
A Montana suspendeu o
embarque de 240 pulverizadores, segundo o diretor de
exportação, Edson Stefani.
Já na Stara, mais de cem
máquinas não foram embarcadas. Segundo o gerente de
vendas para exportação, Jefferson Lauretti, a produção
de fertilizantes e aplicadoras
de defensivos teve de ser revertida ao mercado interno.
O embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien
Sánchez Arveláiz, afirmou
que uma reunião a ser marcada entre o conselho gestor
da Agropátria e os fabricantes deverá dar uma solução
ao caso.
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