São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Nacionalização na Venezuela freia negócios com o Brasil

Embarque de máquinas agrícolas é suspenso após governo Chávez encampar empresa de implementos agropecuários

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A nacionalização da principal empresa de implementos agropecuários da Venezuela, a Agroisleña, parou a produção brasileira de máquinas e equipamentos agrícolas que tinham como destino o país vizinho.
Desde o início deste mês, os fabricantes se viram diante da indefinição sobre vendas, recebimentos e com quem negociar no principal importador dos produtos brasileiros desse segmento. Os embarques previstos foram suspensos, e a produção encomendada, paralisada.
Segundo levantamento da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), a paralisação representa cerca de US$ 20 milhões (R$ 33 milhões) em negócios não efetivados.
A estimativa de negócios com a Venezuela neste ano era de US$ 150 milhões.
A Agroisleña, que passou a se chamar Agropátria após decreto do presidente Hugo Chávez, mantinha cerca de 70 lojas na Venezuela e era responsável pela maioria das importações brasileiras. No país de origem, a empresa respondia por 60% do mercado agrícola.

PARALISAÇÃO
Na região de Ribeirão Preto, empresas exportadoras como a Casale Equipamentos, de São Carlos, a Jumil Implementos Agrícolas, de Batatais, e a Marchesan Tatu, de Matão, estão com produtos e produção parados.
A mesma situação é verificada nas fabricantes Nogueira, de São João da Boa Vista; Montana, de São José dos Pinhais (PR); e Stara, de Não-Me-Toque (RS). As seis são as principais exportadoras brasileiras de máquinas e equipamentos agrícolas.
Na Jumil, a produção de máquinas para plantio foi paralisada por falta de garantias. A empresa tinha encomendas da Venezuela de cerca de US$ 7 milhões.
As máquinas já produzidas, segundo o presidente da companhia, Rubens Dias de Morais, estão paradas na empresa à espera de autorização para embarque.
O gerente de exportação da Casale Equipamentos, Gilberto Dias Proença, afirmou que quatro embarques de equipamentos para pecuária foram suspensos.
"Compramos materiais, montamos os equipamentos e agora não temos a certeza do embarque e se vamos receber", disse Proença.
Na Nogueira, a produção de máquinas para preparar alimentos para bovinos foi suspensa. A Folha apurou que os negócios com a Agroisleña giravam em torno de US$ 4 milhões.
A Montana suspendeu o embarque de 240 pulverizadores, segundo o diretor de exportação, Edson Stefani.
Já na Stara, mais de cem máquinas não foram embarcadas. Segundo o gerente de vendas para exportação, Jefferson Lauretti, a produção de fertilizantes e aplicadoras de defensivos teve de ser revertida ao mercado interno.
O embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Sánchez Arveláiz, afirmou que uma reunião a ser marcada entre o conselho gestor da Agropátria e os fabricantes deverá dar uma solução ao caso.


Texto Anterior: Tributos: Arrecadação da Receita no porto de Santos bate recorde
Próximo Texto: Análise energia: Participação de térmicas na geração de energia deve crescer
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.