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Governo diminui esforço fiscal e libera novos recursos
Meta para superavit primário neste ano é reduzida de 3,3% para 3,1% do PIB
Eletrobras fica de fora
do cálculo, e estatais
federais têm alvo
zerado; gasto de
R$ 8,6 bi é autorizado
NEY HAYASHI DA CRUZ
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem que vai reduzir as exigências para que empresas
estatais contribuam para o
esforço fiscal do setor público, o que significa que as metas para o superavit primário
de 2010 e 2011 serão reduzidas em um valor correspondente a 0,2% do PIB, cerca de
R$ 7 bilhões neste ano.
Com a ajuda dessa folga
maior, o Ministério do Planejamento já autorizou um aumento de gastos de R$ 8,6 bilhões para este ano. Ainda
não foi decidido pelo governo em que projetos esses recursos serão aplicados.
O governo informou que
pretende retirar a Eletrobras
do cálculo do superavit primário -diferença entre receitas e despesas públicas,
excluídos os gastos com juros-, assim como, no ano
passado, já havia sido feito
com a Petrobras. A mudança
ainda depende de aprovação
do Congresso.
Além disso, foi zerada a
meta de economia a ser alcançada pelas estatais federais. Inicialmente, as empresas controladas pelo governo
federal -incluindo a Eletrobras- deveriam contribuir
com 0,2% do PIB para o superavit deste ano, que seria
de, no mínimo, 3,3% do PIB.
Com as alterações, esse objetivo foi reduzido para 3,1%.
Para Felipe Salto, da Tendências Consultoria, a exclusão da Eletrobras do cálculo
do superavit primário seria
uma medida "razoável" se
não tivesse sido tomada num
momento em que há muitas
dúvidas sobre o comprometimento do futuro governo em
relação à austeridade fiscal.
"[A redução da meta] não
leva a um risco de solvência,
mas pode significar menos
crescimento da economia."
Em tese, gastos elevados
do governo colaboram para
manter a economia aquecida, pois aumenta o volume
de dinheiro em circulação no
país. Em compensação, situações de crescimento muito acelerado podem criar
pressões inflacionárias, o
que levaria o Banco Central a
elevar os juros para frear o
ritmo de expansão e, assim,
evitar alta maior dos preços.
Para Rafael Bistafa, da Rosenberg & Associados, as
mudanças dão mais liberdade para que sejam feitos os
investimentos necessários
para sustentar a expansão da
economia, o que é positivo.
Mas há a preocupação com o
resultado fiscal do governo.
"Logo após as eleições, a
Dilma fez um discurso em
que se comprometia com o
cumprimento da meta de
3,3% para que os juros pudessem cair. Por enquanto,
parece que se está caminhando na direção oposta."
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