São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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População de gato dá salto de 13% no país

Bichanos da classe C, felinos ganham mercado dos cachorros com casas menores e falta de tempo nas cidades

Número de cachorros aumentou 6% no ano passado, mas ainda é quase o dobro da quantidade de gatos

Fotos Rodrigo Capote/Folhapress
Filhotes na "cat shop" Sr. Gato, que reúne hotelzinho, clínica, produtos e acessórios exclusivos para felinos em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A psicóloga Eliza de Andrade Paula, 43, tem quatro gatos em um apartamento de 60 metros quadrados no bairro do Imirim, zona Norte de São Paulo, onde vive com a filha de 12 anos.
Hoje, adora os bichanos, mas a compra da primeira gata teve um motivo mais prático do que sentimental. "Minha filha queria um animal de estimação e eu sentia dó de deixar um cachorro sozinho o dia todo em um apartamento pequeno", diz.
Durante a semana, Eliza sai de casa às 8h para trabalhar e volta depois das 22h. Por isso, precisa de um "pet" independente. "O gato é muito mais limpo e não precisa sair para passear. Aos finais de semana, eu posso viajar e deixá-los sozinhos", afirma.
A falta de tempo e de espaço nas grandes cidades estimula a população de gatos, que apresentam uma taxa de crescimento superior à de cães -o animal doméstico preferido dos brasileiros.
O número de gatos aumentou 13,3% no país em 2009, em relação a 2008, segundo dados da Anfalpet (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação). Já a população de cães cresceu 6,4% no mesmo período.

EFEITO CLASSE C
Além do estilo de vida urbano, o crescimento da população de gatos também tem uma explicação econômica: o aumento da renda, marcado pelo fortalecimento da classe C.
Pesquisa da Comissão de Animais de Companhia do Sindan (Sindicato da Indústria de Produtos para Saúde Animal) aponta que 50% dos gatos vivem na classe C.
"Os gatos precisam de menos tempo e dedicação. Como em uma família de classe C todos trabalham, moram longe e passam pouco tempo em casa, os gatos se encaixam mais", afirma Luiz Luccas, presidente da comissão.
Além disso, diz ele, há uma percepção de que o custo de criar um gato é menor do que o de cachorro:
"Gato não precisa tomar banho toda semana."
Os cães ainda são maioria no país: 33 milhões ante 17 milhões de gatos. Mas, como a expansão da população de gatos ocorre há pelo menos três anos e deve continuar, a diferença deve diminuir.
O estilo de vida já fez a população de gatos ultrapassar a de cães na Europa e nos Estados Unidos, observa Fabíola Perini, gerente de marketing da Nestlé Purina.
Segundo o instituto norte-americano Pet Food Institute, os gatos representam 56% dos animais domésticos nos EUA; os cães são 44%.
A veterinária Luciana Deschamps viu na paixão pelos gatos uma oportunidade de negócios. É proprietária do primeiro pet shop do Brasil exclusivo para gatos.
Além de espaço para banhos, que para os gatos são recomendados a cada dois ou três meses, o "cat shop" de Luciana tem uma clínica veterinária, hotel, área de lazer e loja de acessórios.
Luciana estima atender no Sr.Gato (zona oeste de São Paulo), 150 animais por mês apenas na parte médica.

AÇÃO SOCIAL
Até no mundo do voluntariado os gatos ganham relevância. Um exemplo é a ONG "Adote um Gatinho", que estimula e monitora a adoção de gatos abandonados.
Em 2003, quando iniciou as atividades, a ONG resgatava 20 gatos por mês, em média, e promovia a adoção de cinco. Hoje, são resgatados 50 e 30 são doados por mês, segundo Juliana Bussab, fundadora da ONG.


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