São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

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commodities

Petrobras dará desconto no preço do gás

Objetivo é compensar o reajuste previsto nos contratos com as distribuidoras estaduais, estimado em 10%

Estatal optou por reajuste e desconto para não quebrar contratos vantajosos e permitir a queda dos preços

PEDRO SOARES
DO RIO

Sob pressão da indústria e risco de perder mercado, a Petrobras vai dar um desconto médio de 9,7% no preço do gás natural para os próximos três meses. O objetivo é compensar o reajuste previsto nos contratos com as distribuidoras estaduais, estimado em 10% pelas empresas.
Sem mudar a regra trimestral de reajuste, a Petrobras vai aplicar o aumento médio (não revelado) e concederá, em seguida, o desconto. Foi a forma encontrada pela estatal para não quebrar os contratos (vantajosos para ela) e permitir a queda dos preços.
Na média, o preço dos gás vai baixar dos atuais US$ 12,7 por milhão de BTU (unidade de geração de calor) para US$ 11,45 por milhão de BTU a partir de maio -queda de 9,7%. O custo, porém, ainda é alto, se comparado às cotações internacionais, que oscilam de US$ 4,5 a US$ 7.
As distribuidoras se mostraram surpresas com a decisão da Petrobras, pois esperavam o reajuste previsto nos contratos. O produto é corrigido trimestralmente, com base em preços internacionais do óleo combustível (substituto ao gás em alguns usos e cujos preços subiram com força recentemente).
A estatal diz que, caso aplicasse o aumento, o gás deixaria de ser competitivo, e consumidores (principalmente industriais) passariam a usar combustíveis mais baratos, como o óleo combustível.
O gás é utilizado principalmente pela a indústria. Poucas residências -e apenas de São Paulo e Rio- usam gás natural, cujo impacto sobre a inflação é pequeno.
No caso da Comgás, o repasse para os consumidores não será automático. O reajuste da distribuidora, anual, é concedido pela Arsesp (agência reguladora paulista de energia), que não vê muito espaço para redução.
Paulo Pedrosa, presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia), diz que vê, na decisão de não reajustar o preço, disposição para o diálogo.
"O governo começa a ver que o custo da energia retira competitividade do país."
O alto custo do gás, afirma, desestimula a produção de setores nos quais o esse combustível tem peso no custo final dos produtos (como vidros, químico e cerâmico) e afasta novos investimentos.
A indústria pede mudança na regra de correção dos preços. Quer como parâmetro de reajuste as cotações internacionais do gás natural, e não do óleo combustível, sujeito às oscilações do petróleo.


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