São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2010

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Aprenda e cultive o hábito de guardar dinheiro

ABRIR MÃO de uma fatia do seu salário não é fácil. Vencer a tentação de manter esse dinheiro intacto, mais difícil ainda. Muita gente tem uma dificuldade enorme de guardar dinheiro e resistir à tentação de sair por aí comprando coisas pouco importantes e, muitas vezes, desnecessárias.
Para poupar, é necessário que haja um motivo, grande e forte, querido e desejado por você e pela família, pois todos irão renunciar ao prazer de ter ou fazer alguma coisa agora para alcançar esse objetivo que levará algum tempo para ser realizado.
Toda meta precisa de um valor e um prazo para ser atingida. Com base nessas variáveis e no perfil de risco dessa meta (além do seu próprio perfil), estime uma rentabilidade mensal e calcule quanto deverá poupar por mês para atingir o montante necessário.
Minha recomendação é que, antes de pensar em casa, carro e viagens, você pense em uma reserva financeira, de cerca de seis meses do orçamento familiar.
O que vocês vão comprar com esse dinheiro? Sossego, noites de sono bem dormidas, paz de espírito, liberdade de fazer o que tem de ser feito, de tomar decisões, por vezes, difíceis e importantes.
Estar preparado para enfrentar situações inesperadas, como perda do emprego, a separação do casal, um acidente que impeça o trabalho e a geração de renda. A formação dessa reserva exige muita disciplina. E não espere sobrar dinheiro para fazer a poupança. Não vai sobrar, você sabe disso. E, quando sobra, fica guardado sem destinação específica e vai embora na primeira oportunidade com coisas sem importância. Afinal, era apenas a "sobra", não é mesmo?
Reserve no mínimo 5% da sua renda, 10% se possível, todo santo mês. E faça um investimento que proporcione a esse capital todos os atributos adequados.
Em primeiro lugar, você precisa de segurança. O risco do investimento deve ser o menor possível. Nem pense em colocar o dinheiro dessa reserva em ações ou investimentos mais agressivos.
Procure uma instituição financeira sólida e abra uma poupança, um depósito a prazo (CDB), ou invista em um fundo de investimento conservador. Comprar títulos públicos federais também é uma boa alternativa.
Em segundo lugar, esse investimento precisa de liquidez porque você pode precisar desse dinheiro a qualquer momento. Não aceite carência ou penalidades para saques e resgates. A liquidez diária é desejável e necessária nesse caso.
O terceiro atributo do investimento é a rentabilidade.
Em razão do perfil de baixo risco que a reserva financeira requer, é recomendável que a taxa de juros seja pós-fixada.
Dessa forma, você assegura a variação da taxa de juros de mercado, seja ela qual for.
A TR, creditada pela poupança, reflete as oscilações de mercado mensalmente. Se você optar pelo CDB, negocie o maior percentual possível da taxa DI. Se você optar pelo Tesouro Direto em busca de um título público federal, opte pela LFT. No caso dos fundos de investimento, procure um fundo DI com baixo risco de crédito.
Finalmente, não descuide dos custos e pesquise antes de investir. No caso da poupança, não há custos nem impostos. No caso do CDB, negocie um percentual entre 90% e 100% da taxa DI.
A taxa de administração do fundo deve ser a menor possível e inferior a 3% ao ano. Para operar os títulos públicos, procure no site do Tesouro Direto uma corretora credenciada, com a menor corretagem possível.
Aprenda e pratique o hábito de guardar dinheiro. Já acumulou sua reserva financeira? Determine o próximo objetivo e comece tudo outra vez. Você vai se sentir mais confiante e mais feliz.


MARCIA DESSEN, CFP, é sócia e diretora-executiva da BMI, professora da FDC e cofundadora do IBCPF.


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