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FINANÇAS PESSOAIS
MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br
Aprenda e cultive o hábito de guardar dinheiro
ABRIR MÃO de uma fatia
do seu salário não é fácil.
Vencer a tentação de manter
esse dinheiro intacto, mais
difícil ainda. Muita gente tem
uma dificuldade enorme de
guardar dinheiro e resistir à
tentação de sair por aí comprando coisas pouco importantes e, muitas vezes, desnecessárias.
Para poupar, é necessário
que haja um motivo, grande
e forte, querido e desejado
por você e pela família, pois
todos irão renunciar ao prazer de ter ou fazer alguma
coisa agora para alcançar esse objetivo que levará algum
tempo para ser realizado.
Toda meta precisa de um
valor e um prazo para ser
atingida. Com base nessas
variáveis e no perfil de risco
dessa meta (além do seu próprio perfil), estime uma rentabilidade mensal e calcule
quanto deverá poupar por
mês para atingir o montante
necessário.
Minha recomendação é
que, antes de pensar em casa, carro e viagens, você pense em uma reserva financeira, de cerca de seis meses do
orçamento familiar.
O que vocês vão comprar
com esse dinheiro? Sossego,
noites de sono bem dormidas, paz de espírito, liberdade de fazer o que tem de ser
feito, de tomar decisões, por
vezes, difíceis e importantes.
Estar preparado para enfrentar situações inesperadas, como perda do emprego, a separação do casal, um
acidente que impeça o trabalho e a geração de renda.
A formação dessa reserva
exige muita disciplina. E não
espere sobrar dinheiro para
fazer a poupança. Não vai sobrar, você sabe disso. E,
quando sobra, fica guardado
sem destinação específica e
vai embora na primeira oportunidade com coisas sem importância. Afinal, era apenas
a "sobra", não é mesmo?
Reserve no mínimo 5% da
sua renda, 10% se possível,
todo santo mês. E faça um investimento que proporcione
a esse capital todos os atributos adequados.
Em primeiro lugar, você
precisa de segurança. O risco
do investimento deve ser o
menor possível. Nem pense
em colocar o dinheiro dessa
reserva em ações ou investimentos mais agressivos.
Procure uma instituição financeira sólida e abra uma
poupança, um depósito a
prazo (CDB), ou invista em
um fundo de investimento
conservador. Comprar títulos
públicos federais também é
uma boa alternativa.
Em segundo lugar, esse investimento precisa de liquidez porque você pode precisar desse dinheiro a qualquer
momento. Não aceite carência ou penalidades para saques e resgates. A liquidez
diária é desejável e necessária nesse caso.
O terceiro atributo do investimento é a rentabilidade.
Em razão do perfil de baixo
risco que a reserva financeira
requer, é recomendável que a
taxa de juros seja pós-fixada.
Dessa forma, você assegura a
variação da taxa de juros de
mercado, seja ela qual for.
A TR, creditada pela poupança, reflete as oscilações
de mercado mensalmente.
Se você optar pelo CDB, negocie o maior percentual
possível da taxa DI. Se você
optar pelo Tesouro Direto em
busca de um título público
federal, opte pela LFT. No caso dos fundos de investimento, procure um fundo DI com
baixo risco de crédito.
Finalmente, não descuide
dos custos e pesquise antes
de investir. No caso da poupança, não há custos nem
impostos. No caso do CDB,
negocie um percentual entre
90% e 100% da taxa DI.
A taxa de administração
do fundo deve ser a menor
possível e inferior a 3% ao
ano. Para operar os títulos
públicos, procure no site do
Tesouro Direto uma corretora credenciada, com a menor
corretagem possível.
Aprenda e pratique o hábito de guardar dinheiro. Já
acumulou sua reserva financeira? Determine o próximo
objetivo e comece tudo outra
vez. Você vai se sentir mais
confiante e mais feliz.
MARCIA DESSEN, CFP, é sócia e diretora-executiva da BMI, professora da FDC e
cofundadora do IBCPF.
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