São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011

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ANÁLISE

O dilema dos expatriados é a falta de uma política pública adequada no Brasil

FERNANDO ZILVETI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O expatriado vem assumindo um papel relevante nas relações internacionais em razão da globalização. Considerado um profissional apto a desempenhar suas funções no mercado de trabalho, ele representa ganhos para os países tecnologicamente avançados e custos para aqueles que não investiram em educação.
Com a crise econômica mundial e o desemprego, o trabalho transfronteiriço passou a constituir um passivo complexo para a gestão.
Aqueles países exportadores de mão de obra temem que o desaquecimento de suas economias produza o regresso de uma horda de expatriados. Essa mão de obra ociosa, quando em sua pátria, carrega o sistema social.
Expatriados empregados produzem riqueza e remetem sua poupança para sua pátria. Além disso, contratados para funções em outros países, geram receitas para seus empregadores. Governos e empresas ganham.
Ai está, portanto, o cerne da questão. Tecnicamente, eles têm o que acrescentar aos emergentes. No passado isso era patente.
Hoje, porém, os profissionais oriundos dos países desenvolvidos trazem ganhos tecnológicos em áreas específicas, como na exploração mineral.
Diante desse quadro de incerteza, falta ao Brasil política pública. O protecionismo não é bom. Profissionais regulamentados procuram, sob as hostes de suas instituições, restringir o trabalho estrangeiro no país.
Dessa forma, evitam a concorrência. Por outro lado, a defesa de mercado não é prerrogativa brasileira.
Todos os países defendem seus mercados e seus nacionais. A questão é como conduzir essa política de modo a obter ganhos no plano hegemônico internacional.
A política pública recomendável seria de limitar, legalmente, o ingresso indiscriminado de expatriados, especializados ou não.
Eles seriam bem vindos em áreas efetivamente técnicas, comprovada a necessidade pelos agentes reguladores competentes. O governo cuidaria ainda de combater os cartéis das multinacionais, que usam os expatriados para otimizar os lucros das matrizes.

FERNANDO ZILVETI é livre-docente pela USP e professor da Escola de Administração da FGV


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