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Reajuste maior e 13º elevam deficit do INSS
Em agosto, saldo negativo superou em 111% o de julho; aumento maior e antecipação do 13º foram os motivos
Apenas o reajuste de 7,72% para benefícios acima do mínimo, retroativo a janeiro, custou R$ 898 milhões
THAIS BILENKY
DE BRASÍLIA
O deficit da Previdência
Social mais que dobrou em
agosto e acumulou R$ 5,4 bilhões -alta de 111,2% em relação a julho, informou o governo, ontem.
No acumulado do ano, o
resultado negativo (despesas
maiores do que as receitas)
chega a R$ 30,8 bilhões, valor 1,3% inferior ao do mesmo período de 2009.
Retroativo a janeiro, o reajuste de 7,72% para aposentadorias e pensões maiores
que um salário mínimo começou a ser pago em agosto,
o que custou R$ 898,4 milhões para o Ministério da
Previdência Social.
No mês passado também
houve a antecipação do 13º
salário para parte dos aposentados e pensionistas, o
que gerou despesa de
R$ 955,3 milhões.
Em entrevista, o ministro
Carlos Eduardo Gabas reclamou de sua equipe por ter colocado ambas as despesas no
mesmo pacote. "Eu não teria
de explicar esse resultado."
Descontando o reajuste e a
antecipação, o deficit da Previdência Social em agosto é
de R$ 3,56 bilhões, ainda assim superior aos R$ 2,56 bilhões de julho.
Em comparação com agosto do ano passado, as contas
ficaram estáveis. Todos os
valores foram ajustados pelo
INPC (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor).
O saldo negativo de agosto
resulta da arrecadação líquida de R$ 17,3 bilhões e de
despesas de R$ 22,7 bilhões.
Gabas diz que as despesas
da pasta crescem na ordem
de 7% a 8%, e a receita, na
faixa de 11%. Mas a estimativa do deficit para 2010, que
subiu de R$ 45 bilhões para
R$ 47 bilhões, foi mantida.
Segundo o ministro, isso
se deve à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) da
semana passada que exige o
reajuste pelo teto para todos
os aposentados e pensionistas que não o receberam entre 1998 e 2003.
Ele calculou um gasto extra de R$ 1,5 bilhão para cerca de 154 mil pessoas. A
quantia deverá ser desembolsada ainda neste ano, segundo Gabas, para "que não
fique nada pendente para o
próximo governo".
SALDO PREOCUPA
Ex-ministro da Previdência Social do governo Fernando Henrique Cardoso, José Cechin diz que o saldo de
agosto é "preocupante".
Segundo ele, o aumento,
de um mês para o outro, de
quase 40% do deficit, desconsiderando os gastos com
13º e reajuste de 7,72%, é contundente.
"Em um período de crescimento do emprego, do salário e da arrecadação, ter aumento dessa ordem no deficit
mostra que as regras deveriam ser mudadas", afirma.
Cechin defende que se
alongue o tempo de contribuição antes de obter direito
à aposentadoria.
Apesar do resultado de
agosto, o Ministério da Previdência Social manteve em
R$ 47 bilhões a previsão de
deficit para este ano.
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