São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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ANÁLISE ENERGIA

Perspectivas para os preços do petróleo não são favoráveis

THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O preço do petróleo tipo West Texas Intermediate (WTI), negociado no golfo do México, tem estado abaixo de US$ 90 por barril desde meados de agosto.
Ao mesmo tempo, segue em expansão o diferencial de preço entre o tipo WTI e o tipo Brent (negociado em Londres). Com o WTI recuando muito mais do que o Brent, esse diferencial chegou a atingir US$ 26,50 por barril no dia 7 deste mês.
A justificativa para esse comportamento encontra-se nas cada vez menos animadoras perspectivas para o consumo de petróleo, especialmente no que diz respeito à participação norte-americana, cujo crescimento esperado tem sido constantemente revisado (como ilustra a revisão das projeções de crescimento mundial divulgadas pelo FMI ontem, de 4% para 4,3% em 2011 e de 4,5% para 4% no próximo ano).
A própria Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu, na semana passada, a projeção de demanda mundial por petróleo em 2011 e em 2012, devido à deterioração da economia mundial.
Segundo a AIE, os preços do combustível só não recuaram mais devido às preocupações quanto ao fornecimento de petróleo pela Líbia. Já a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) concorda com a visão de que a demanda mundial deve ser reduzida num futuro próximo, mas tem um cenário muito mais pessimista para os preços.
É que a Opep espera que a Líbia retome o ritmo de produção e a oferta se normalize muito mais rapidamente do que o previsto pela AIE, que já começa, inclusive, a considerar a possibilidade de redução da produção por parte dos países-membros.
De toda forma, fica claro que muito dificilmente o petróleo tipo WTI deve voltar a testar a barreira dos US$ 90 num futuro próximo. De fato, conforme a economia mundial mostra-se cada vez menos robusta e aumentam os riscos do estreitamento de crédito, com empoçamento de liquidez (ao estilo do que ocorreu em 2008), as chances de nova derrocada dos preços do petróleo aumentam. Para o Brasil, os efeitos dessa redução de preços no mercado internacional vão depender muito da reação do câmbio. Caso o real tenha depreciação importante diante do dólar, pode contrabalançar os benefícios dessa redução em termos de inflação.
Mas uma coisa é certa: se o preço do petróleo realmente tiver queda mais pronunciada nos próximos meses, a contenda política em torno dos royalties do petróleo tende a ficar ainda mais acentuada, à medida que diminui o butim a ser repartido.

THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP. www.rosenberg.com.br


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