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VAIVÉM
MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@grupofolha.com.br
Sem cooperativas e moinhos, trigo encalha
A safra de trigo deste ano
foi boa, podendo atingir 5,5
milhões de toneladas. A qualidade é melhor do que a do
ano passado, mas o cenário
de comercialização é o mesmo de 2009: está travado.
"Estamos em uma situação extremamente delicada.
A safra foi boa, o trigo tem
qualidade, mas cooperativas
e tradings não estão comprando. As contas estão vencendo e o produto está nos silos sem comprador."
O desabafo é de Roberto
Coutinho, pequeno produtor
do norte do Paraná.
Os moinhos, destino final
do trigo nacional, reconhecem que a comercialização
está travada. Lawrence Pih,
do Moinho Pacífico, diz que o
trigo desta safra "está uma
beleza, tem um conteúdo de
proteína elevado, mas o cereal, na média, não serve para a fabricação de pão".
É bom para biscoitos, bolachas e massas, mas o índice
de glúten não é favorável à
fabricação de pão.
O gerente de uma cooperativa paranaense, que não
quis se identificar, admite
que as cooperativas não estão comprando trigo. Ele admite até que elas estão deixando a desejar nesse processo de comercialização.
Segundo ele, se as cooperativas fizessem uma mistura
de todos os tipos de grãos de
boa qualidade originários de
diversos silos, a comercialização poderia fluir melhor
porque o cereal seria mais
uniforme.
Isso gera custo e as cooperativas não têm certeza de
que os moinhos vão adquirir
esse produto, diz ele.
Na avaliação de Pih, será
necessário um programa do
governo para auxiliar o escoamento externo desse produto nacional, aceito em
muitos países.
A comercialização baixa
do trigo não fica restrita, no
entanto, à qualidade do produto. Com o câmbio no patamar atual, o preço externo do
trigo fica mais em conta do
que o do nacional, o que leva
os moinhos a elevar as importações.
Segundo o gerente da cooperativa, os moinhos buscam adquirir apenas o produto de melhor qualidade internamente para misturar
com o importado, que chega
ao país por um custo menor.
Armazenagem A capacidade de armazenagem
deveria ser 20% superior ao
volume de produção, diz
Denise do Amaral, da Associação Brasileira de Pós-Colheita, que realiza fórum em
Foz do Iguaçu (PR).
Distante "Temos muito
para crescer", diz ela. Nesta
safra, foram 147 milhões de
toneladas de grãos e a capacidade de armazenagem é
de 136 milhões.
Nova queda O frango
voltou a cair. Ontem, o quilo de ave viva esteve a R$
1,80 nas granjas paulistas.
Vinho As exportações
de vinhos de Portugal para
o Brasil subiram 60% no
primeiro semestre ante
igual período de 2009. Sónia Fernandes, da ViniPortugal, estima que os resultados serão ainda mais promissores neste semestre.
Sem abertura O prometido anúncio, para ontem, de abertura do mercado dos EUA à carne suína de
Santa Catarina não ocorreu.
Com KARLA DOMINGUES
Procura por
carne é boa;
dólar afeta
As indústrias brasileiras
produtoras e exportadoras
de carnes que participam da
feira de alimentos Sial, que
se realiza nesta semana em
Paris, sentiram a força da demanda externa por proteína.
Francisco Turra, da Ubabef, entidade que congrega
produtores e exportadores de
frango, diz que os contatos
de importadores foram acima dos de anos anteriores.
Apesar desse interesse externo, os negócios estão sendo muito bem analisados, diz
o executivo da Ubabef. O
câmbio está desfavorável às
indústrias brasileiras e sem
repasse de custos fica difícil
continuar exportando.
Segundo Turra, o mercado
está ciente de que não há estoques de carnes tanto nos
países importadores como
nas empresas exportadoras,
o que pode facilitar acertos
com maior valor nos próximos contratos.
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