São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2010

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VAIVÉM

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@grupofolha.com.br

Sem cooperativas e moinhos, trigo encalha

A safra de trigo deste ano foi boa, podendo atingir 5,5 milhões de toneladas. A qualidade é melhor do que a do ano passado, mas o cenário de comercialização é o mesmo de 2009: está travado.
"Estamos em uma situação extremamente delicada. A safra foi boa, o trigo tem qualidade, mas cooperativas e tradings não estão comprando. As contas estão vencendo e o produto está nos silos sem comprador."
O desabafo é de Roberto Coutinho, pequeno produtor do norte do Paraná.
Os moinhos, destino final do trigo nacional, reconhecem que a comercialização está travada. Lawrence Pih, do Moinho Pacífico, diz que o trigo desta safra "está uma beleza, tem um conteúdo de proteína elevado, mas o cereal, na média, não serve para a fabricação de pão".
É bom para biscoitos, bolachas e massas, mas o índice de glúten não é favorável à fabricação de pão.
O gerente de uma cooperativa paranaense, que não quis se identificar, admite que as cooperativas não estão comprando trigo. Ele admite até que elas estão deixando a desejar nesse processo de comercialização.
Segundo ele, se as cooperativas fizessem uma mistura de todos os tipos de grãos de boa qualidade originários de diversos silos, a comercialização poderia fluir melhor porque o cereal seria mais uniforme.
Isso gera custo e as cooperativas não têm certeza de que os moinhos vão adquirir esse produto, diz ele.
Na avaliação de Pih, será necessário um programa do governo para auxiliar o escoamento externo desse produto nacional, aceito em muitos países.
A comercialização baixa do trigo não fica restrita, no entanto, à qualidade do produto. Com o câmbio no patamar atual, o preço externo do trigo fica mais em conta do que o do nacional, o que leva os moinhos a elevar as importações.
Segundo o gerente da cooperativa, os moinhos buscam adquirir apenas o produto de melhor qualidade internamente para misturar com o importado, que chega ao país por um custo menor.

Armazenagem A capacidade de armazenagem deveria ser 20% superior ao volume de produção, diz Denise do Amaral, da Associação Brasileira de Pós-Colheita, que realiza fórum em Foz do Iguaçu (PR).

Distante "Temos muito para crescer", diz ela. Nesta safra, foram 147 milhões de toneladas de grãos e a capacidade de armazenagem é de 136 milhões.

Nova queda O frango voltou a cair. Ontem, o quilo de ave viva esteve a R$ 1,80 nas granjas paulistas.

Vinho As exportações de vinhos de Portugal para o Brasil subiram 60% no primeiro semestre ante igual período de 2009. Sónia Fernandes, da ViniPortugal, estima que os resultados serão ainda mais promissores neste semestre.

Sem abertura O prometido anúncio, para ontem, de abertura do mercado dos EUA à carne suína de Santa Catarina não ocorreu.

Com KARLA DOMINGUES

Procura por carne é boa; dólar afeta

As indústrias brasileiras produtoras e exportadoras de carnes que participam da feira de alimentos Sial, que se realiza nesta semana em Paris, sentiram a força da demanda externa por proteína.
Francisco Turra, da Ubabef, entidade que congrega produtores e exportadores de frango, diz que os contatos de importadores foram acima dos de anos anteriores.
Apesar desse interesse externo, os negócios estão sendo muito bem analisados, diz o executivo da Ubabef. O câmbio está desfavorável às indústrias brasileiras e sem repasse de custos fica difícil continuar exportando.
Segundo Turra, o mercado está ciente de que não há estoques de carnes tanto nos países importadores como nas empresas exportadoras, o que pode facilitar acertos com maior valor nos próximos contratos.


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