São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2010

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Às vésperas da eleição, BC mantém juros

Em decisão unânime, Copom deixa taxa básica em 10,75% ao ano; para analistas, Selic só volta a subir em 2011

Manutenção deixa o Brasil no topo do ranking das maiores taxas reais do mundo e pode atrair mais dólares

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu ontem, por unanimidade, manter novamente a taxa básica de juros em 10,75% ao ano.
Foi a penúltima reunião do Copom neste ano, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais.
A maioria dos economistas já esperava a manutenção dos juros. Além da questão eleitoral, a avaliação é que aumentar ou reduzir a taxa agora seria reconhecer que a instituição errou nas suas decisões recentes.
O próximo encontro acontece em dezembro e não há expectativa de mudanças. Para analistas, os juros só voltam a subir em 2011.
A taxa básica (Selic) começou a subir em abril. Estava em 8,75% ao ano, menor nível da história recente. Chegou ao nível atual em julho.
A Selic determina o custo de dinheiro para os bancos e serve de base para o custo dos empréstimos a empresas e consumidores.
Para especialistas, o cenário é de estabilidade no juro bancário, pois a alta esperada para a taxa básica em 2011 deve ser compensada pela queda na inadimplência e pela maior oferta de crédito.
A manutenção dos juros deixa o Brasil no topo do ranking das maiores taxas reais (descontada a inflação) do mundo. Isso contribui para atrair mais dólares e derrubar sua cotação, apesar das medidas recentes do governo para taxar investimento estrangeiro em título público.
A política de juros do BC neste ano causou muita polêmica entre economistas.
Para alguns, o calendário eleitoral levou a instituição a adiar o início do ciclo de alta para depois da definição das candidaturas. E a antecipar o fim para a última reunião antes do primeiro turno.
Outros dizem que o BC exagerou nas avaliações sobre a inflação no começo do ano e demorou a perceber que a economia já dava sinais de desaceleração.
Em comunicado, o BC diz apenas que avaliou "o cenário macroeconômico e as perspectivas para inflação".
Um dos indicadores usados pelo BC para definir o juro é o IBC-Br (Índice de Atividade do BC), que antecipa a tendência do PIB. O indicador, divulgado ontem, ficou estável em agosto ante julho.


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