São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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Dilma pressiona montadora a não demitir

Na terça-feira, Mantega pedirá a representantes de montadoras instaladas no país contrapartida por benefício no IPI

Fabricantes estudam demissões e anunciam programas de cortes por sinais e desaceleração na economia do país

VALDO CRUZ
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

Por determinação da presidente Dilma, o ministro Guido Mantega (Fazenda) está convocando reunião com as montadoras associadas à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para terça.
A pedido de Dilma, Mantega vai cobrar das montadoras instaladas no país contrapartidas pelo benefício concedido a elas com a alta de 30 pontos percentuais no IPI, que pega carros importados. Segundo a Folha apurou, o governo vai pedir às montadoras que evitem demissões aos primeiros sinais de uma eventual queda muito forte no crescimento da economia brasileira.
Dilma está preocupada com informações repassadas a ela de que montadoras cogitam promover corte de empregos por conta de uma queda nas vendas de veículos. As montadoras reclamam da retração no crédito na economia promovida pelo governo, classificada pelo setor como um dos principais motivos pela redução das vendas.
Ontem, após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de postergar a entrada em vigor da alta do IPI, o governo considerou que há risco de haver forte aumento na importação de veículos nas próximas semanas -tirando efeito no curto prazo da medida adotada para proteger o mercado doméstico da invasão de importados.
Idealizada pelo Ministério da Fazenda, a alta do IPI perdeu apoio dentro do governo. Até no Planalto, que defendeu a medida quando foi lançada, a avaliação é que ela criou mais problemas do que efeitos positivos no mercado. Está descartada, porém, uma revogação da alta do IPI, que continua sendo defendido pela Fazenda. Dilma, porém, considera que as montadoras instaladas no Brasil têm de fazer "compromissos" com o país.
Além de evitar demissões, a presidente deseja que montadoras como GM, Fiat, Volks e Ford promovam investimentos para aumentar o conteúdo nacional de seus veículos produzidos no país. A alta do IPI foi criticada, internamente no governo, pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e da Ciência e Tecnologia.
Os ministros Fernando Pimentel e Aloizio Mercadante preferiam uma redução da alíquota de IPI para as montadoras que aumentassem investimentos em inovação tecnológica e do conteúdo nacional de seus carros. A medida faria parte do novo regime automotivo. Só que o governo acabou mudando completamente de direção e elevando as alíquotas do imposto para combater a invasão de importados no país, principalmente de carros vindo da China e Coreia.
Mercadante e Pimentel devem participar também da reunião de Mantega com as montadoras. O ministro do Desenvolvimento deve negociar com montadoras que abrirem unidades no país para contornar o aumento do IPI. BMW e JAC Motors já apresentaram suas propostas, em estudo pelo governo.


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