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Inovação natural
Empresas buscam inspiração na natureza para desenvolver produtos e processos mais eficientes
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
Depois de 3,8 bilhões de
anos de "pesquisa e desenvolvimento", as espécies sobreviventes da natureza talvez tenham algo a ensinar.
"As criaturas que sobreviveram enfrentaram enormes
desafios para se alimentar e
se abrigar e, para isso, desenvolveram estratégias altamente eficientes", diz a bióloga americana Janine Benyus, que caiu nas graças do
mundo corporativo depois
de publicar, em 1997, o livro
"Biomimética - Inovação Inspirada na Natureza".
"De uma hora para outra,
comecei a receber ligações
da GE, da Nike, da Kraft, da
GM", conta ela, que veio ao
Brasil no fim de outubro para
iniciar uma consultoria para
a Natura, em parceria com a
agência de design Tátil.
Biomimética, ou imitação
da vida, foi o termo dado por
Benyus para batizar essa nova disciplina que estuda o
comportamento de ecossistemas e organismos naturais
em busca de ideias para solucionar problemas humanos.
"Nós gastamos muita
energia e geramos muito resíduo tóxico para produzir fibras têxteis altamente resistentes", diz Benyus.
"Acho que temos algo a
aprender com as aranhas,
que produzem um material
que é ainda mais resistente e
elástico consumindo apenas
insetos e sem precisar extrair
nenhuma gota de petróleo."
Para estimular a troca de
informações entre pesquisadores, Benyus criou o portal
asknature.org (Pergunte à
Natureza).
Ao tornar públicos os processos naturais, o portal ajuda a evitar que sejam patenteados. "Há que patentear as
aplicações, não os processos
naturais", diz a bióloga.
Em sua consultoria empresarial, Benyus conta com
um time de biólogos. A cada
nova demanda tecnológica,
eles pesquisam o comportamento "da ameba à zebra"
até encontrar a solução mais
eficiente.
A inovação inspirada na
natureza, segundo ela, pode
contribuir para a conservação do planeta ao ajudar a
criar produtos e processos de
fabricação mais eficientes.
O portal reúne produtos já
em comercialização, como
uma tinta autolimpante inspirada na superfície hidrófoba da flor-de-lótus.
E em desenvolvimento,
como uma turbina de energia eólica vertical que promete gerar dez vezes mais
energia do que as turbinas
convencionais ocupando
uma área muito menor.
Inspirada no nado de cardumes de peixes, a turbina
está sendo desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia da
Califórnia e recebeu, há dois
meses, um prêmio de inovação de US$ 500 mil da fundação MacArthur.
Grande entusiasta da biomimética, o bilionário Vinod
Khosla investiu na ideia de
um cientista (Brent Contstantz) que, inspirado no processo de formação de corais,
desenvolveu um cimento
que não só não emite CO2 em
sua fabricação como sequestra CO2. A Calera, também na
Califórnia, já requereu mais
de 170 patentes e está perto
de atingir escala comercial.
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