São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

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Falta de diálogo entre academia e empresa trava inovação

Pouca colaboração entre setores, burocracia e ineficiência do setor público dificultam a criação de centros de pesquisa no país

DE SÃO PAULO

Há dez dias, enquanto executivos da GE anunciavam um aporte de US$ 100 milhões para a criação de um centro de pesquisa no Rio de Janeiro, o presidente mundial da companhia, Jeff Immelt, estava na China anunciando mais US$ 500 milhões para o centro da companhia em Xangai, inaugurado há dez anos.
A diferença na dimensão dos investimentos se explica, em grande parte, pelo porte das duas economias. Mas não só. Na China, a criação de centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) é uma precondição imposta para empresas que querem se instalar no país.
Ainda que o Brasil tenha avançado no sentido de se tornar mais atraente para P&D, há ainda muitos gargalos a serem superados.
"Terreno e isenção de IPTU não fazem diferença para esse tipo de investimento", diz Naldo Dantas, secretário-executivo da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras).
A primeira motivação, explica Dantas, é de pessoal. Refere-se ao ambiente e à quantidade de doutores. A segunda é justamente o tamanho do mercado e o potencial de clientes.
"No Brasil, temos tecnologia, mas o desafio é justamente levar a tecnologia para as empresas e transformá-la em inovação, em produtos que gerem riqueza."
Para se tornar realmente atraente para o investimento em inovação, o país precisa superar velhos problemas. O maior é a ineficiência na concessão de patentes.
O tempo médio de concessão de uma patente no Brasil é de 8,6 anos. Esse prazo inviabiliza a indústria de fundos de capital de risco.
"O investidor põe dinheiro em um projeto que está saindo da universidade para vender dali a cinco, seis anos. Sem a garantia da patente, você não fecha o negócio."
A transferência tecnológica entre universidades e empresas privadas também é prejudicada pela falta de dinamismo do setor público.
Outro gargalo importante é a falta de incentivos para atrair pesquisadores estrangeiros, que acabam entrando no Brasil com visto de turista.
(MARIANA BARBOSA)

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