São Paulo, terça-feira, 21 de dezembro de 2010

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ANÁLISE SAFRAS

Primeiro trimestre do próximo ano terá conjunto de fatores positivos para a soja


ESSE CONJUNTO DE FATORES POSITIVOS DESENHA PARA OS PRODUTORES BRASILEIROS UM CENÁRIO DE ÓTIMA LUCRATIVIDADE


FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não bastasse a tendência de redução dos estoques mundiais, o cenário para o mercado da soja em 2011 é positivo devido a uma colisão de fatores esperada já para o primeiro trimestre do ano, o que deve gerar uma das safras mais lucrativas da história da sojicultura brasileira.
Pelo lado da oferta, há o "La Niña", que já provoca estragos na Argentina.
As chuvas estão abaixo do normal nos últimos 90 dias em importantes regiões das províncias de Buenos Aires, de Córdoba e de Santa Fé, as maiores produtoras.
Sem o retorno da umidade até o final do ano, a área plantada deve ficar abaixo dos 18,7 milhões de hectares previstos, o que torna difícil uma produção acima de 50 milhões de toneladas.
Problemas no país vizinho podem deslocar parte da demanda por soja para o Brasil, já que a nossa safra, até agora, vai muito bem.
O período de maior risco climático para as lavouras, todavia, ainda está por vir, e por isso é cedo para indicar produção superior a 68 milhões de toneladas.
Pelo lado da demanda, a China continua fazendo o seu papel de grande consumidor mundial.
Seu ritmo de importação no último trimestre deste ano deve superar 14 milhões de toneladas, ante 10,2 milhões no mesmo período de 2009.
Aparentemente preocupados com uma safra menor na América do Sul, e certamente empenhados em controlar a inflação, os chineses vêm intensificando as importações de soja dos Estados Unidos, de quem já encomendaram, neste ano, volume 17% superior ao de um ano atrás.
Além disso, o quadro de oferta e demanda dos Estados Unidos na temporada 2010/11, que terminará em 31 de agosto do próximo ano, mostra-se muito apertado tanto para a soja como para o milho.
A previsão é de que os estoques de milho terminarão a temporada com volume suficiente para apenas 23 dias de consumo.
O caso da soja é ainda mais dramático -são apenas 18 dias-, devido justamente às compras da China.
Por conta disso, deve haver briga por área plantada na primavera de 2011 no hemisfério Norte, com alta nos preços das duas culturas para ver qual delas atrairá mais espaço.
Antes disso, em janeiro, o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgará o relatório final da safra norte-americana para 2010/11.
Normalmente, quando o órgão reduz as estimativas de produção em outubro e em novembro, como foi o caso deste ano, a tendência é de nova diminuição em janeiro.
Ou seja, os estoques ficarão ainda menores do que se prevê hoje? Essa é a tendência.
A despeito de o câmbio se manter abaixo de R$ 1,75 em relação ao dólar, todos esses fatores positivos, aliados aos custos de produção enxutos da safra 2010/11, desenham para os produtores brasileiros um cenário de ótima lucratividade, bem superior à observada em 2009/10.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.

Internet: www.agrural.com.br


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