São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2011

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CRÍTICA PRODUÇÃO CULTURAL

Música independente se revigora com novos formatos digitais, afirma autor

VERENA FORNETTI
DE SÃO PAULO

Depois que o LP virou peça de coleção e o CD em formato tradicional passou a encalhar mesmo nas mãos dos camelôs, vieram a música digital, o renascimento do artista independente e a democracia na indústria fonográfica.
Essa é a tese que permeia o primeiro livro do pesquisador Igor Garcia de Castro, "O Lado B: A Produção Fonográfica Independente Brasileira", lançado recentemente pela editora Annablume.
Por meio de competente pesquisa bibliográfica, ele narra o percurso da música à margem das grandes empresas no país desde O Boca Livre, grupo de MPB surgido no fim dos anos 1970.
Castro reúne histórias de quem optou pelo formato, como Lobão, protagonista de brigas estrondosas contra o "sistema", e Tim Maia, que fundou um selo independente para divulgar ideias da seita Racional Superior da Terra, nascida no Méier, no subúrbio do Rio de Janeiro.
E elenca iniciativas recentes, como a do O Teatro Mágico, trupe paulista que mistura música e arte cênica nos espetáculos e que tem o lema "viralizar sem pagá [sic] jabá", em referência às informações que se espalham como vírus na internet sem que seja preciso pagar por isso.
Mas, se o livro acerta em pesquisa e em texto fluente, desliza ao não aprofundar a análise a que se propõe. Castro usa o conceito de indústria cultural para discutir como a cultura, quando transformada em mercadoria, perde o status de arte.
Defende que, ao se despir do valor de troca e circular livremente pela internet, a música nos formatos virtuais se democratiza e se torna alternativa à indústria. Agora ela poderia, finalmente, desenvolver-se como arte.
Faltou discutir com mais ênfase que o mercado não condiciona só a circulação dos produtos culturais, que se configura como apenas uma etapa do processo. Para ser arte, condições -e intenções- de produção são igualmente importantes.

O LADO B: A PRODUÇÃO FONOGRÁFICA

INDEPENDENTE BRASILEIRA
AUTOR Igor Garcia de Castro
EDITORA Annablume
QUANTO R$ 27 (130 págs.)


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