São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2011

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Nos EUA, pacote menor também oculta inflação

Fabricantes mudam quantidade de embalagens sem que consumidor note

Empresas apelam até para saudabilidade para não aumentar preços; tamanho original raramente é relançado

DO "NEW YORK TIMES"

Com o aumento no custo das matérias-primas, os consumidores dos EUA têm encontrado redução nos tamanhos das embalagens.
Já que o desemprego continua alto, as companhias tentam camuflar maiores preços ao vender embalagens cada vez menores.
Até o momento, as mudanças estão mais visíveis no setor de alimentos, no qual os consumidores estão pagando os mesmos preços e recebendo menos produto.
Sempre que surgiu uma desaceleração econômica, nas últimas décadas, as empresas reduziram as embalagens para disfarçar aumentos e evitar comparações de preços entre embalagens de peso semelhante, antes e depois de um aumento.
Em todas essas ocasiões, as campanhas de marketing evitaram mencionar a redução. Desta vez, as embalagens menores são descritas como "ecológicas", "portáteis", ou "mais saudáveis".
Nos casos em que as empresas não podem promover mudanças de tamanho, como roupas ou eletrodomésticos, já afirmaram que haverá aumentos de preços.
"Consumidores são mais sensíveis a mudanças de preço do que de quantidade", disse John Gourville, professor de marketing na Universidade Harvard.
"E as empresas tentam fazê-lo de uma maneira que você não perceba, mantendo a mesma altura e largura para o pacote, mas mudando a espessura. Ou elas podem acrescentar mais ar aos sacos, para que o tamanho continue aparentemente igual."
Thomas Alexander, professor de finanças na Universidade Northwood, diz que as empresas têm pouca escolha hoje diante dos maiores preços das matérias-primas.
"As empresas só têm o poder de aumentar preços quando os salários estão em alta, e não é o que estamos vendo."

ESTRATÉGIA
Tentando impedir que os compradores se sintam trapaceados, algumas empresas estão lançando recipientes que, segundo elas, oferecem vantagens.
Em nossa cultura, porções menores podem ser argumento de venda. Elas permitem que o varejo alegue honestamente, por exemplo, que um pacote de salgadinhos contém menos calorias.
"Para produtos como sorvete, chocolates e batatas chips, os consumidores podem dizer que não os incomoda o volume menor, porque não deveriam estar comendo aquilo", diz Gourville. "É um argumento mais difícil de defender no caso de fraldas ou suco de laranja."
Embora as empresas imputem à recessão a culpa pela redução nas embalagens, elas raramente as aumentam quando a crise acaba.
"É um ciclo contínuo. A menor embalagem se torna tão pequena que acaba eliminada e substituída pela antiga embalagem média, que também terá passado por redução", explica Gourville.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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