São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011

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ANÁLISE

Rio ainda tem gargalos que limitam desenvolvimento


OS SISTEMAS DE TRANSPORTE AINDA SÃO DESCONECTADOS; FALTAM PROFISSIONAIS QUALIFICADOS


PAULO VICENTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Apesar da onda de investimento no Rio, ainda existem gargalos ao crescimento que limitam o desenvolvimento.
Quem deseja estabelecer um negócio no Estado tem de atentar para os custos de transação, entre eles os gastos com transporte, com recursos humanos, com segurança e com impostos.
Em termos de mobilidade urbana, os sistemas de transporte ainda são desconectados: barcas, metrô, aeroportos, portos e trens não se comunicam entre si, o que gera um sistema caótico de ônibus e a necessidade constante da utilização de táxis.
Uma solução seria a criação de um anel viário de bonde, interligando esses modais, a exemplo do que é feito em várias cidades da Europa.
Portos e aeroportos precisam de reformas urgentes, não somente para os grandes eventos que se aproximam mas para dar conta da demanda da indústria de petróleo. A solução passa por concessões e parcerias público-privadas, mas esbarra em interesses de diversos grupos.
Existe também uma desconexão entre interior e capital.
Isso faz com que a maior parte das empresas se concentre na capital ou crie infraestrutura própria na costa, seguindo a vocação logística do Rio.
O desenvolvimento do sistema de transporte que faz essa ligação ajudaria a descentralizar o fluxo na capital e permitir o crescimento de cidades interioranas.
Essa mudança poderia ser feita com conexões ferroviárias, por meio de concessões do tipo BOT (Build-Operate-Transfer). Uma ligação do Rio a Macaé seria prioritária, mas cidades como Angra dos Reis, Volta Redonda, Resende, Petrópolis e até mesmo Juiz de Fora, que fica em Minas, deveriam ser pensadas.
No campo dos recursos humanos, faltam profissionais qualificados nos níveis técnico, superior e gerencial.
E mesmo os profissionais disponíveis precisam, muitas vezes, ser treinados e desenvolvidos, devido ao baixo nível de formação especialmente das universidades.
Além disso, existe um problema de acomodação para expatriados. A demanda por imóveis está fazendo do Rio uma das cidades mais caras para morar no Brasil.
A segurança ainda preocupa, apesar dos avanços. A criminalidade migrou do centro urbano para a baixada, e os roubos de carga elevam o custo dos seguros e os gastos com segurança patrimonial.
Além disso, a manutenção das UPPs é cara e depende de sustentação política.
Os impostos ainda apresentam desvantagens comparativas a outros Estados.
O ICMS e o ISS poderiam ser reduzidos para setores considerados intensivos em mão de obra ou atrativos de investimento. Todos esses gargalos podem ser resolvidos com planejamento adequado e foco político.

PAULO VICENTE, 45, doutor em administração, é professor de estratégia da Fundação Dom Cabral.


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