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Acordo blinda Oi contra estrangeiros
Acerto entre controladores estabelece que, se algum acionista quiser vender participação, os demais terão preferência
Hipótese de haver oferta hostil de compra do controle acionário da
Oi é considerada impossível por analistas
ELVIRA LOBATO
DO RIO
A Oi está blindada por um
acordo de acionistas contra
ofensivas de grupos estrangeiros para adquirir seu controle. O acerto, registrado na
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), estabelece que,
se algum dos acionistas quiser vender a participação na
empresa, os demais têm preferência de compra.
Há algumas semanas, circulam notícias de que a Portugal Telecom estaria interessada em ser acionista controladora da Oi.
A hipótese de haver uma
oferta hostil de compra do
controle acionário da Oi -como a Telefónica está fazendo
com a Portugal Telecom, em
relação às ações da Vivo- é
considerada impossível pelos especialistas, em razão do
acordo de acionistas da Telemar Participações, holding
controladora do grupo Oi.
Ele foi firmado em abril de
2008, simultaneamente à negociação da compra do controle da Brasil Telecom.
O documento foi subscrito
pela BNDES Participações
(empresa do BNDES, pertencente à União, com 16,89%) e
pelos fundos de pensão estatais Petros (Petrobras, com
10%), Previ (Banco do Brasil,
com 12,95%) e Funcef (Caixa
Econômica Federal, 10%).
Também foi subscrito pelos sócios privados, que têm
50,1% das ações: AG Telecom, do grupo Andrade Gutierrez, L.F. Tel (grupo La
Fonte) e pelo fundo Atlântico, dos empregados da Oi.
Mesmo que o governo
queira vender suas ações em
leilão público aberto, esbarraria no direito de preferência dos demais acionistas.
Há ainda uma segunda
blindagem: a Telemar Participações não tem ações negociadas na Bolsa, o que impede que exista uma oferta
hostil de compra, à revelia
dos acionistas controladores.
HISTÓRICO
Ofertas hostis de compra
de ações já aconteceram no
Brasil. Em 2006, a Sadia propôs comprar a Perdigão, e a
oferta foi rechaçada. Em março deste ano, a Telefónica fez
oferta hostil de compra pela
GVT e também perdeu. Nesses casos, os alvos eram empresas com ações em Bolsa.
O acordo da Oi diz que ""as
partes não venderão, cederão, transferirão, gratuita ou
onerosamente, direta ou indiretamente" suas ações sem
que os demais sejam notificados e abram mão do direito
de preferência.
Se um acionista quiser
vender sua parte, terá de informar aos demais, por escrito, valor da oferta recebida e
condições de pagamento. Os
outros terão 30 dias para
exercer o direito de compra.
A venda para um terceiro
só é admitida se nenhum
acionista quiser exercer seu
direito de preferência. Ou seja, a entrada de um novo sócio tem que ser negociada.
LEILÃO
No dia 17, a BNDESPar
vendeu 14,47% da Telemar
Participações para Funcef e
Petros. O leilão estava previsto desde abril de 2008. Os
dois fundos de pensão tinham pouco mais de 2% da
empresa e negociaram elevar
sua fatia para 10%, cada um.
O leilão só foi possível porque os demais acionistas
abriram mão do direito de
preferência de compra em favor da Petros e da Funcef, os
únicos candidatos no leilão.
Se há tanto interesse pelo
controle da Telemar, por que
não apareceram outros candidatos no leilão? A resposta
está no acordo de acionistas
que blinda a companhia.
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