São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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Empresas digitais atraem investimentos

Karine Xavier/Folhapress
Marcelo Mazola, presidente da Consultoria Predicta, que chamou a atenção do Google pela ferramenta que monitora o comportamento de internautas

Pequenos empreendedores brasileiros chamam a atenção de universidades, clientes e fundos internacionais

Empresa de software de publicação de vídeos on-line recebe consultoria do MIT e eleva faturamento

CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

O empresário mineiro Gustavo Caetano, 29, nunca acreditou em destino, mas foi um acaso que mudou os rumos de seu negócio, há três anos.
Criador da Samba Tech, do ramo de software de publicação de vídeos on-line, Caetano esperava a reabertura do aeroporto de Boston após um temporal quando um vizinho de poltrona, indiano, puxou conversa. Em minutos, a conversa tornou-se a maior oportunidade de sua vida.
O indiano era um dos diretores do MIT e, assim que conheceu o sistema, sugeriu que a Samba se candidatasse ao G-Lab, grupo de análise de empreendedorismo em que alunos do MBA estudam empresas iniciantes.
Caetano gostou da ideia, a Samba Tech foi aprovada e, desde 2007, recebe consultoria gratuita de pesos-pesados do MIT. O apoio ajudou a estruturar as operações.
Em 2009, a empresa -que conquistou aporte do fundo brasileiro FIR Capital- faturou R$ 5 milhões e hoje fornece para 8 dos 10 principais grupos de mídia do país.
"Em outubro, desbravaremos o mercado americano", disse Caetano à Folha.

NO RADAR
A Samba Tech é um dos exemplos das "startups" -empresas jovens com o espírito de inovação- que aproveitam o aquecimento econômico para crescer.
"Há alguns anos, era preciso apresentar o Brasil. Atingimos um nível de estabilidade em que isso não acontece mais", diz Marcus Regueira, sócio do FIR Capital.
Com isso, é cada vez mais comum ver grandes aportes internacionais. Em 2009, a participação de empresas brasileiras no total investido na América Latina por fundos de "venture capital" (que investem em capital de risco) e "private equity" (de participação em empresas) cresceu 40% e atingiu US$ 2 bilhões, de acordo com a Lavca (Associação Latino-Americana de Venture Capital).
Criada em 2001 pelo engenheiro Marcelo Condé, 36, a Spring Wireless, que desenvolve sistemas para interligar aplicações corporativas de vendas ou monitoramento a celulares ou computadores de mão, conquistou há dois anos quase US$ 70 milhões -R$ 123 milhões- de fundos internacionais.
Em maio, a Spring ganhou o braço de investimento da alemã SAP, do ramo de sistemas de gestão, como sócia. Uma alternativa futura é abrir o capital na Nasdaq.

TECNOLOGIA BRASILEIRA
Na esteira da projeção global da economia brasileira, apresentar-se como empresa nacional de tecnologia não é de estranhar.
A Predicta chamou a atenção do Google pela ferramenta que monitora o comportamento de internautas e permite às empresas adaptarem suas campanhas publicitárias em tempo real.
Em maio, a companhia se apresentou na conferência global do buscador, na Califórnia. Hoje, a Predicta tem clientes em 90 países.
"Muitas vezes sentimos mais preconceito de clientes do Brasil do que de empresas de fora", diz Marcelo Marzola, 33, presidente da Predicta.
Entre os investidores, há a percepção de profissionalização da gestão. "Os planos de negócios estão muito mais reais", diz Regueira, do FIR.
Como sócio do fundo, o executivo acompanhou o desenvolvimento da Akwan, empresa mineira de buscas vendida ao Google em 2005.
A transação fez com que o gigante americano criasse seu primeiro centro de desenvolvimento na América Latina, justamente sobre uma "startup" nacional. "Foi o primeiro de muitos movimentos que devem acontecer na mesma direção."


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