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Empresas digitais atraem investimentos
Karine Xavier/Folhapress
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Marcelo Mazola, presidente da Consultoria Predicta, que chamou a atenção do Google pela ferramenta que monitora o comportamento de internautas
Pequenos empreendedores brasileiros chamam a atenção de universidades, clientes e fundos internacionais
Empresa de software de publicação de vídeos on-line recebe consultoria do MIT e eleva faturamento
CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO
O empresário mineiro Gustavo Caetano, 29, nunca acreditou em destino, mas foi um
acaso que mudou os rumos
de seu negócio, há três anos.
Criador da Samba Tech, do
ramo de software de publicação de vídeos on-line, Caetano esperava a reabertura do
aeroporto de Boston após um
temporal quando um vizinho
de poltrona, indiano, puxou
conversa. Em minutos, a conversa tornou-se a maior oportunidade de sua vida.
O indiano era um dos diretores do MIT e, assim que conheceu o sistema, sugeriu
que a Samba se candidatasse
ao G-Lab, grupo de análise
de empreendedorismo em
que alunos do MBA estudam
empresas iniciantes.
Caetano gostou da ideia, a
Samba Tech foi aprovada e,
desde 2007, recebe consultoria gratuita de pesos-pesados
do MIT. O apoio ajudou a estruturar as operações.
Em 2009, a empresa -que
conquistou aporte do fundo
brasileiro FIR Capital- faturou R$ 5 milhões e hoje fornece para 8 dos 10 principais
grupos de mídia do país.
"Em outubro, desbravaremos o mercado americano",
disse Caetano à Folha.
NO RADAR
A Samba Tech é um dos
exemplos das "startups"
-empresas jovens com o espírito de inovação- que
aproveitam o aquecimento
econômico para crescer.
"Há alguns anos, era preciso apresentar o Brasil. Atingimos um nível de estabilidade em que isso não acontece
mais", diz Marcus Regueira,
sócio do FIR Capital.
Com isso, é cada vez mais
comum ver grandes aportes
internacionais. Em 2009, a
participação de empresas
brasileiras no total investido
na América Latina por fundos de "venture capital" (que
investem em capital de risco)
e "private equity" (de participação em empresas) cresceu
40% e atingiu US$ 2 bilhões,
de acordo com a Lavca (Associação Latino-Americana de
Venture Capital).
Criada em 2001 pelo engenheiro Marcelo Condé, 36, a
Spring Wireless, que desenvolve sistemas para interligar aplicações corporativas
de vendas ou monitoramento a celulares ou computadores de mão, conquistou há
dois anos quase US$ 70 milhões -R$ 123 milhões- de
fundos internacionais.
Em maio, a Spring ganhou
o braço de investimento da
alemã SAP, do ramo de sistemas de gestão, como sócia.
Uma alternativa futura é
abrir o capital na Nasdaq.
TECNOLOGIA BRASILEIRA
Na esteira da projeção global da economia brasileira,
apresentar-se como empresa
nacional de tecnologia não é
de estranhar.
A Predicta chamou a atenção do Google pela ferramenta que monitora o comportamento de internautas e permite às empresas adaptarem
suas campanhas publicitárias em tempo real.
Em maio, a companhia se
apresentou na conferência
global do buscador, na Califórnia. Hoje, a Predicta tem
clientes em 90 países.
"Muitas vezes sentimos
mais preconceito de clientes
do Brasil do que de empresas
de fora", diz Marcelo Marzola, 33, presidente da Predicta.
Entre os investidores, há a
percepção de profissionalização da gestão. "Os planos
de negócios estão muito mais
reais", diz Regueira, do FIR.
Como sócio do fundo, o
executivo acompanhou o desenvolvimento da Akwan,
empresa mineira de buscas
vendida ao Google em 2005.
A transação fez com que o
gigante americano criasse
seu primeiro centro de desenvolvimento na América
Latina, justamente sobre
uma "startup" nacional. "Foi
o primeiro de muitos movimentos que devem acontecer
na mesma direção."
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