São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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Eletrobras admite descontrole "preocupante" em investimentos

Estatal vê "exposição indesejada a riscos" e pode fazer enxugamento, como a venda de participações

Sob Lula, empresa, que participa de 88 projetos, teve forte crescimento com objetivo de cumprir compromissos do PAC

Joel Silva-6.mai.10/Folhapress
Subestação da CETEEP no Morumbi, em São Paulo

BRENO COSTA
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA

A Eletrobras identificou um quadro de descontrole "preocupante" sobre as suas participações societárias em projetos de geração e transmissão de energia e em outras empresas.
A estatal decidiu contratar uma auditoria para fechar um raio-X dos 88 projetos dos quais ela e suas subsidiárias participam, entre os quais as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e Belo Monte, no Pará.
A companhia possui ainda participação acionária relevante em mais de 40 empresas de energia, como a Cesp, a AES Tietê, a Cemar e a Celpa, entre outras.
O objetivo é cessar um quadro de "exposição indesejada a riscos" e promover, caso necessário, um enxugamento da empresa. Para isso, foi encomendado um relatório urgente sobre a lucratividade dessas participações.
Uma das opções avaliadas é vender as participações minoritárias em empresas como a paulista Cesp e também em distribuidoras que hoje estão em mãos privadas, como a Celpa e a Cemat.
A Folha apurou que apenas as participações acionárias que não tiverem boa lucratividade serão vendidas. A auditoria terá quatro meses para fechar o diagnóstico, mas precisará encaminhar uma avaliação prévia dentro de três semanas.
Segunda maior estatal do setor produtivo, a Eletrobras cresceu muito rápido no governo Lula. Foi impulsionada por um plano de fortalecimento de sua musculatura financeira, para fazê-la cumprir seus compromissos com obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A empresa foi retirada da meta de superavit primário (economia para reduzir a dívida pública) e, com isso, ganhou mais liberdade para fazer novos investimentos no sistema energético.
Para criar essa "Nova Eletrobras", o governo autorizou a empresa a elevar sua capacidade de endividamento de R$ 3,5 bilhões para R$ 12 bilhões; e a União publicou decreto permitindo que a estatal desse garantias financeiras em empréstimos para projetos nos quais atua em consórcio, o que antes era proibido pela legislação.
Foram realizados ainda dois aumentos de capital, que incrementaram seus cofres em quase R$ 15 bilhões.
Essas medidas proporcionaram crescimento "descontrolado" da empresa, e isso traz preocupação:
"A crescente participação, em número e em complexidade, das empresas controladas do Sistema Eletrobras em outras empresas vem preocupando a administração da companhia", afirma documento da própria Eletrobras.


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