São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Eletrobras admite descontrole "preocupante" em investimentos Estatal vê "exposição indesejada a riscos" e pode fazer enxugamento, como a venda de participações Sob Lula, empresa, que participa de 88 projetos, teve forte crescimento com objetivo de cumprir compromissos do PAC
BRENO COSTA LEILA COIMBRA DE BRASÍLIA A Eletrobras identificou um quadro de descontrole "preocupante" sobre as suas participações societárias em projetos de geração e transmissão de energia e em outras empresas. A estatal decidiu contratar uma auditoria para fechar um raio-X dos 88 projetos dos quais ela e suas subsidiárias participam, entre os quais as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e Belo Monte, no Pará. A companhia possui ainda participação acionária relevante em mais de 40 empresas de energia, como a Cesp, a AES Tietê, a Cemar e a Celpa, entre outras. O objetivo é cessar um quadro de "exposição indesejada a riscos" e promover, caso necessário, um enxugamento da empresa. Para isso, foi encomendado um relatório urgente sobre a lucratividade dessas participações. Uma das opções avaliadas é vender as participações minoritárias em empresas como a paulista Cesp e também em distribuidoras que hoje estão em mãos privadas, como a Celpa e a Cemat. A Folha apurou que apenas as participações acionárias que não tiverem boa lucratividade serão vendidas. A auditoria terá quatro meses para fechar o diagnóstico, mas precisará encaminhar uma avaliação prévia dentro de três semanas. Segunda maior estatal do setor produtivo, a Eletrobras cresceu muito rápido no governo Lula. Foi impulsionada por um plano de fortalecimento de sua musculatura financeira, para fazê-la cumprir seus compromissos com obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A empresa foi retirada da meta de superavit primário (economia para reduzir a dívida pública) e, com isso, ganhou mais liberdade para fazer novos investimentos no sistema energético. Para criar essa "Nova Eletrobras", o governo autorizou a empresa a elevar sua capacidade de endividamento de R$ 3,5 bilhões para R$ 12 bilhões; e a União publicou decreto permitindo que a estatal desse garantias financeiras em empréstimos para projetos nos quais atua em consórcio, o que antes era proibido pela legislação. Foram realizados ainda dois aumentos de capital, que incrementaram seus cofres em quase R$ 15 bilhões. Essas medidas proporcionaram crescimento "descontrolado" da empresa, e isso traz preocupação: "A crescente participação, em número e em complexidade, das empresas controladas do Sistema Eletrobras em outras empresas vem preocupando a administração da companhia", afirma documento da própria Eletrobras. Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Cotações/Ontem Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |