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ÁFRICA EMERGENTE
Milagre angolano
Impulsionado pela exportação de petróleo , país africano cresce 13% ao ano em média desde 2002 e atrai investimentos do Brasil e da China
AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ANGOLA
Angola derramou sangue,
agora derrama suor.
Oito anos depois do fim da
guerra civil entre o MPLA
(Movimento Popular de Libertação de Angola) e a Unita
(União Nacional para a Independência Total de Angola),
a ex-colônia portuguesa converteu-se num fenômeno
mundial de expansão econômica na África subsaariana.
Tamanha força tem origem no petróleo, maior riqueza do país e produto que
sustenta mais de 50% do PIB.
Das exportações, o petróleo é
dono de 90% das divisas recebidas por Angola. O restante sai dos diamantes.
Sétima economia da África, terceira força da zona
subsaariana -atrás da África
do Sul e da Nigéria-, Angola
registra média de crescimento sem par em todo o mundo
ao longo dos anos 2000.
Após a deposição das armas no acordo de cessar-fogo
assinado em 2002 (só possível depois da morte de Jonas
Savimbi, líder da Unita), Angola registra crescimento
médio de 13% ao ano. O país,
de onde se avista o deslumbrante pôr do sol atrás do
Atlântico, vive tempos de
pressa, de urgência.
"O país foi a economia que
mais cresceu no mundo no
pós-Guerra. Em termos médios, cresce mais do que a
China", diz Justino Feltro da
Costa Pinto de Andrade, diretor da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica de Angola.
A dependência excessiva
do petróleo, da qual tenta se
desvencilhar, fez com que a
economia caísse 0,4% em
2009, segundo o FMI. Mas o
país está de volta e promete
retomar o "milagre angolano" já neste ano, ao projetar
expansão de 8%.
Por todos os cantos de
Luanda, a caótica capital,
máquinas pesadas rasgam
ruas e vielas, gruas rodopiam
no céu a suspender aço e cimento para os edifícios.
A velha capital, construída
pelos portugueses durante
quatro séculos de dominação
colonial, vai se tornando escombro da história.
Com uma nova Constituição, aprovada pela Assembleia Nacional em fevereiro,
Angola ratificou a opção pela
economia de mercado e busca agora atrair novos capitais
para sustentar uma taxa de
investimento de 30% do PIB.
"Angola fez a transição de
um regime socialista para
um regime de economia de
mercado, transição rara no
continente africano", afirma
Marcelo Nuno Duarte Rebelo
de Sousa, estudioso da nova
Constituição angolana.
O capital brasileiro cruzou
o Atlântico em busca das novas oportunidades geradas
pela reconstrução do país.
Mas a disputa por uma fatia desse crescimento tem se
acirrado, sobretudo diante
do apetite dos chineses, dispostos a bancar bilhões de
dólares em infraestrutura em
troca de petróleo.
Sem o poder financeiro
dos chineses, o Brasil aposta
em outras estratégias para
manter-se em posição relevante tanto na política como
na economia angolana.
"Jamais teremos o poder
econômico dos chineses.
Mas o Brasil foi o primeiro
país a reconhecer Angola como nação independente, em
1975. Somos também uma
ex-colônia de Portugal e falamos a mesma língua. Isso
nos aproxima muito", diz
Afonso Cardoso, embaixador
brasileiro em Angola.
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