São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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NIZAN GUANAES

Direto de Nova York


O mundo está faminto pelo Brasil; o país tem de aproveitar a porta de oportunidades que se abre


MINHA COMPANHIA, o Grupo ABC, assim como inúmeras outras empresas brasileiras, tem sido influenciada pelo pensamento gerencial de Beto Sicupira e Jorge Gerdau.
Amplamente influenciado pela dupla, procurei o professor Vincente Falconi, do INDG. O professor Falconi, que dispensa apresentação, há dois anos nos ajuda a dar disciplina e método a nossa criatividade. Não é uma tarefa fácil.
O Brasil tem uma arraigada e antiquada crença de que criatividade e disciplina são incompatíveis.
Evidentemente que isso não é verdade.
O que Falconi prega é que os líderes da organização escrevam seu conhecimento, suas metas e transformem em rito as práticas que fizeram a organização bem-sucedida, assim como mantenham registro de experiências penosas da companhia. De forma que, através dessa caixa-preta, se busque entender as razões do problema e que processos devem ser modificados para que ele não ocorra novamente.
Aos inimigos da disciplina e amigos do talento caótico, diz Falconi, de forma magistral, que se Mozart não tivesse colocado toda a sua intuição, talento e geniosidade em partituras, toda a sua criatividade teria sido perdida.
Ler o que professor Falconi escreve ou fala é mais gostoso do que praticar o que ele defende. Convencer criativos a segui-lo (entre os quais me incluo) é uma tarefa heroica. Mas, depois de convencidos, o resultado é espetacular. As pessoas percebem que não basta só fazer benfeito. É preciso fazer bem o que precisa ser feito de um jeito direito.
É esse Brasil sofisticado do professor Falconi, de Gerdau, de Norberto Odebrecht que pretendo representar.
Amo samba, caipirinha, futebol, mas o Brasil é muito mais do que isso. Depois de se firmar como mercado emergente, o Brasil precisa se firmar como cultura emergente. Um país que não tem medo do mundo. Que, sem soberba ou subserviência, tem hospitais do nível do Albert Einstein e do Sírio Libanês. Meus amigos, quem é do país de Machado de Assis tem motivos para viver de cabeça erguida.
Isso não tem nada a ver com oba- -oba. O Brasil ainda tem problemas desafiadores para resolver. Afinal, tudo no Brasil é gigante pela própria natureza, mas é justamente construindo a marca Brasil no mundo que vamos dar mais um salto.
E o Brasil faz benfeito. E tem áreas de excelência em muitas áreas. O que fica a dever o Itaú Unibanco aos grandes bancos do mundo?
É como parte deste Brasil destemido e internacional que passo uma parte significativa do meu ano em Nova York. É daqui que escrevo, no meio de uma semana particularmente intensa para o Brasil, já que foi a semana do "Homem do Ano", na qual Henrique Meirelles, presidente do BC, foi agraciado.
Graças à força do Brasil, a Câmara Brasil-Estados Unidos é um fórum que ganhou muito mais força, além do trabalho insaciável do conselheiro Sergio Millerman e seus colegas. O mundo está faminto por informações sobre o Brasil.
E temos de aproveitar essa oportunidade. Porque ela não é uma janela, ela é uma porta. Uma porta que se abre não só por causa da Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos. Mas por um conjunto de conquistas das quais a Copa e os Jogos Olímpicos são um "tipping point".
E acredito que um país que tem o fabuloso Alessandro Teixeira à frente da Apex e empreendedores como Zeco Auriemo, Duda Sirotsky, João Apolinário, Flavio Rocha e Marcos Molina tem tudo para ser o principal país do Bric. Aquele que está na frente não apenas no B da sigla, mas no H da história.
Direto de Nova York,
Nizan Guanaes.

NIZAN GUANAES é publicitário e presidente do Grupo ABC.


AMANHÃ EM MERCADO: Gustavo Cerbasi


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