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Bovespa é a 2ª pior entre emergentes
Saldo negativo entre saída e entrada de recursos de investidores estrangeiros chega a US$ 1,2 bilhão em 2010
Desaceleração da China afeta Brasil porque 40% da Bovespa depende de commodities vendidas para gigante asiático
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
A percepção de que o destino da economia brasileira
está cada vez mais atrelado
aos rumos da China é referendada pelo desempenho
dos mercados acionários dos
dois países neste ano.
Em termos de fluxo líquido
(que contabiliza entradas
menos saídas) de recursos de
investidores estrangeiros em
Bolsas de Valores, os dois
países estão no vermelho.
Entre as nações emergentes, o fluxo negativo de investimentos estrangeiros para o
mercado acionário brasileiro
entre o início do ano e meados deste mês só perdia em
magnitude para o chinês:
saídas líquidas de US$ 1,16
bilhão no primeiro caso e de
US$ 2,7 bilhões no segundo,
de acordo com dados contabilizados pelo JPMorgan.
A história em termos de
desempenho das Bolsas é parecida. Apesar de forte recuperação nos últimos dias, o
Ibovespa contabilizava ontem durante o dia queda (em
dólar) de 5,2% no ano.
Entre os outros grandes
emergentes, destaque para a
China, que recuava 21,7%.
"Na percepção dos investidores, o Brasil está muito vinculado à China", diz Emy
Shayo, estrategista de renda
variável do JPMorgan.
CHINA PREOCUPA
Dados recentes mostraram
um ritmo mais forte de desaceleração da China do que o
esperado pelo mercado.
O governo chinês adotou
medidas para mudar o balanço do crescimento do país,
muito alavancado em investimentos (há indicações de
uma bolha especulativa no
setor imobiliário, por exemplo), dando um peso maior
ao consumo das famílias.
Mas existe um temor de
que, nesse reajuste de forças,
a economia do gigante asiático se desacelere mais do que
o esperado. Isso explica em
boa parte o desempenho negativo da Bolsa chinesa.
Crescimento chinês menos
forte do que o previsto significaria menor demanda por
commodities brasileiras.
COMMODITIES
Como o peso das empresas
que produzem commodities
no Ibovespa é muito grande
(entre 40% e 50% do índice),
o humor do investidor estrangeiro com o mercado
acionário brasileiro não tem
sido dos melhores neste ano.
"O desempenho da Bovespa é afetado pelo aumento da
aversão a risco, particularmente com preocupações em
relação ao ritmo de desaceleração da China", afirma Carlos Constantini, estrategista-chefe da Itaú Corretora.
Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset
Management, chama a atenção para o fato de que muitas
ações de empresas cujo desempenho é mais atrelado à
demanda doméstica brasileira têm apresentado valorização no ano.
Ações do setor de consumo representadas no Ibovespa sobem 11,1% neste ano,
ante quedas de 5,4% e 5%
dos setores siderúrgico e
agropecuário, respectivamente.
A mesma lógica se aplica a
emergentes em cujas Bolsas
de Valores as commodities
não têm um peso tão alto como no Brasil.
Tailândia e Turquia, cujos
mercados acionários apresentam altas de 17,4% e
11,4% no ano, são exemplos.
O saldo negativo de investimentos estrangeiros para o
mercado acionário brasileiro
tem sido mais do que compensado por outros fluxos de
capital para o país.
Atraídos pelas altas de juros brasileiras, os fluxos de
investimentos de fundos estrangeiros para renda fixa no
Brasil estavam positivos em
US$ 2,5 bilhões neste ano até
meados de julho, de acordo
com dados da consultoria
EPFR.
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