São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Investidor segue com aplicações inadequadas

No Itaú, 40% têm perfil e carteira compatíveis

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

A maioria dos investidores brasileiros continua com aplicações financeiras inadequadas para o seu perfil de risco, mesmo após sete meses da implantação da API (Análise do Perfil de Risco) pelos grandes bancos.
Conhecida como regra de "suitability" (adequação, em inglês), a API foi implantada em janeiro em cumprimento a um acordo de autorregulação dos bancos para evitar que os gerentes "empurrem" produtos que não atendam aos interesses do cliente.
O principal instrumento é um questionário, que depois é cruzado com as aplicações do investidor. A adesão do cliente é voluntária.
O banco Itaú Unibanco, que iniciou em setembro de 2009 a aplicação dos questionários, descobriu que apenas 40% dos clientes que responderam à série de perguntas até agosto tinham aplicações compatíveis com sua personalidade e momento de vida.
A maioria dos clientes do banco seguia "desenquadrada": 31% eram conservadores demais e 29% estavam com aplicações mais agressivas do que o que seria recomendado.
Em janeiro, data da última pesquisa, só 35% dos clientes tinham aplicações compatíveis com seu perfil.
À época, 40% da clientela do Itaú Unibanco tinha aplicações conservadoras e 25%, investimentos com risco maior do que o indicado por seu perfil.
Para Claudio Sanches, diretor de Investimentos do banco, houve uma leve melhora ao longo do ano no número de clientes com investimentos adequados ao perfil de risco.
Entretanto, ainda é cedo para saber se essa melhora é reflexo de uma mudança na carteira ou se está mais relacionada ao perfil das pessoas que responderam ao questionário recentemente.
O banco tem procurado os clientes "desenquadrados" para sugerir uma estratégia mais adequada.
No Santander, 70% dos clientes têm investimentos conservadores (fundos DI, renda fixa, poupança e CDB), enquanto os questionários de perfil de risco sugerem que apenas 25% têm perfil de fato conservador.

RECEPTIVIDADE
Aquiles Mosca, estrategista de Investimentos do Santander, afirma que 50% dos clientes têm perfil moderado, mas só 20% da clientela tem investimentos nessa faixa de risco. Os investidores considerados agressivos são 25% do total, mas os investimentos realmente arriscados não passam de 10% no banco.
"Há mais investidores com perfil moderado e agressivo do que a gente imaginava. Só que a carteira desses investidores está ao contrário. Estamos ligando para esse investidor e convidando-o para conversar sobre diversificação de investimentos", afirmou Mosca.
Segundo Sanches, o Itaú presta consultoria financeira aos clientes "desenquadrados", momento no qual se discute a carteira e são sugeridas alternativas de investimento.
"A assessoria financeira personalizada é essencial. É possível analisar a carteira do cliente de forma mais abrangente, e não só aquela alocada no Itaú. O processo tem sido muito bem recebido pelos clientes", disse.


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