São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE

Concentração é tendência na distribuição de energia

Silva Junior/Folhapress
Usina de geração de energia da CPFL

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A temporada de fusões e aquisições entre as companhias elétricas está aberta e deve durar até o segundo trimestre, quando está prevista uma nova revisão tarifária pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
É o que explica a onda de negociações em curso entre as distribuidoras de energia. A Aneel irá obrigá-las a aumentar o repasse de seus ganhos de eficiência às tarifas, reduzindo o preço final.
Resultado: pressão sobre as margens de lucro, que ficarão menores. Segundo as distribuidoras, as margens já vinham sendo reduzidas após revisões tarifárias ocorridas anteriormente.
Diante desse cenário, não resta outra alternativa para as empresas a não ser ficar maiores por meio de fusões ou aquisições. Dessa forma, as elétricas acreditam ser possível cortar custos e obter ganhos de escala.
Ainda que as margens fiquem menores, com maior volume de receita será possível garantir retornos satisfatórios aos acionistas.
No Brasil, esse movimento segue liderado pela CPFL -que tem a construtora Camargo Corrêa como sócia- e pela Cemig, que tem a Andrade Gutierrez como um dos principais acionistas.
Ambas estão envolvidas em negociações que, se concluídas, levarão a uma concentração de 42% do mercado de distribuição no país.
Um acordo entre a CPFL e a Neoenergia já era esperado e se acelerou após a compra da Elektro pelos espanhóis da Iberdrola, em janeiro.
A Elektro também interessava à CPFL por atuar no interior paulista em área contígua, um dos critérios adotados pelas distribuidoras na hora de escolher potenciais alvos. Proximidade geográfica das linhas de transmissão traz sinergias na operação (economias de custo).
A Cemig planeja construir um "cinturão" no Sudeste e distribuir mais energia do que produz Itaipu Binacional, caso consiga comprar a Bandeirantes e a Escelsa, que pertencem aos portugueses da EDP, e a Ampla e a Coelce, controladas pelos espanhóis da Endesa.
Embora neguem que os ativos estejam à venda, EDP e Endesa enfrentam uma situação complicada.
Existe uma pressão dos governos desses países por atrair recursos aos cofres públicos para que possam cumprir as metas da União Europeia. A venda de suas empresas pode ajudar, e isso favoreceria a Cemig a fechar negócio.


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