São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2011

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Diretores ameaçam sair junto com Agnelli

Grupo de funcionários da Vale estuda entregar cargos de modo conjunto se mudança na presidência se concretizar

Guido Mantega solicitou saída de executivo ao Bradesco; para governo, vazamento torna mais complicada a mudança

PEDRO SOARES
DO RIO

Empregados e diretores da Vale reagiram diante da ação da Fazenda para substituir o presidente da companhia, Roger Agnelli.
Um grupo de funcionários começou a articular uma manifestação contrária à saída do executivo, e os diretores-executivos da mineradora estudam entregar, de modo conjunto, seus cargos, caso a mudança na presidência da companhia se concretize.
Não há ainda uma data definida para o protesto dos empregados, que ameaçam reagir contra a ingerência do governo na companhia, cujo controle é privado.
Já a entrega coletiva dos cargos é aventada pelo grupo dos sete diretores que formam o primeiro escalão da companhia com Agnelli e são mais próximos do executivo.
Todos foram nomeados por Agnelli, que está há uma década à frente da Vale. O ministro Guido Mantega (Fazenda), segundo reportagem do "Estado de S.Paulo", solicitou a saída de Agnelli ao presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão.
Agnelli, 51, tem sua origem como executivo no banco privado. Antes de assumir a Vale, presidiu o Conselho de Administração da mineradora por indicação do Bradesco -na época, ele liderava a Bradespar, braço de participações do banco e acionista-controlador da Vale.
Segundo a Folha apurou, Agnelli goza de prestígio junto a Brandão. Do ponto de vista do desempenho da Vale, a gestão atual da companhia também é bem avaliada pelo Bradesco e os demais controladores -Previ, a maior acionista, a trading japonesa Mitsui e o BNDES. A Vale registrou, em 2010, lucro recorde de R$ 30 bilhões.
Reação à suposta interferência do governo veio também do Congresso. Ontem, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou uma convite para Mantega prestar esclarecimentos sobre o assunto.

EXPOSIÇÃO
O governo não queria que seu interesse em trocar o comando da Vale fosse exposto publicamente e passou a enxergar obstáculos a uma eventual substituição de Agnelli no cargo.
A divulgação da notícia de que Mantega negociou a saída do executivo gerou mal-estar na equipe de Dilma Rousseff, que não queria trazer a sucessão a seu quintal.
A avaliação do governo é que o vazamento da informação sobre o encontro de Mantega com Brandão torna o processo de troca no comando da Vale mais complicado.
Primeiro porque não há um nome consensual entre os sócios. Segundo porque a substituição, agora, será interpretada como interferência direta do governo.

Colaboraram JANAINA LAGE, do Rio, e a Sucursal de Brasília


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