São Paulo, domingo, 24 de abril de 2011

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Provedores preferem Telebrás a teles

Pequenos empreendedores querem fechar acordo com estatal, que promete cobrar menos em plano nacional de internet

Pesquisa revela que, mesmo atendidos por teles, provedores já têm 9% de mercado nas ofertas de acesso à web

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

Uma pesquisa inédita feita pelo CGI (Comitê Gestor de Internet) promete esquentar as negociações em torno do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), que serão retomadas nesta semana.
O levantamento, a que a Folha teve acesso, revela que os pequenos e médios provedores passaram a deter 9% do mercado neste ano, mais que o dobro do registrado há cinco anos. Juntas, as 1.576 empresas que vendem acessos à rede oficialmente já são maiores que a GVT.
Hoje esses provedores instalam sua infraestrutura (antenas, torres, cabos e equipamentos) onde pretendem prestar o serviço e alugam conexões de internet no atacado das operadoras (Oi e Telefônica, por exemplo).
O sinal chega até a sua central e de lá ele é espalhado, em geral, por antenas de rádio. Segundo o CGI, essa cobertura já engloba 1.640 municípios no país.
Para crescer ainda mais, esses provedores já disseram ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações) que preferem fechar contratos com a Telebrás, cuja oferta de conexões no atacado promete ser de R$ 230 mensalmente.
Segundo os provedores, as teles cobram, no mínimo, R$ 800, preço que pode chegar a R$ 3.500 dependendo de sua localização. Ainda segundo eles, há exagero nessa cobrança, uma forma de impedir sua expansão.
A Folha apurou que as negociações entre eles e a Telebrás estão avançadas. O problema é que a estatal não começou a operar porque ainda precisa fechar um acordo com a Petrobras pelo uso de sua rede de fibras ópticas.
Até o final do ano passado, as teles estavam fora do PNBL e o governo só contava com a Telebrás para massificar a internet. O plano prevê ofertas de 1 Mbps (megabit por segundo) a 68% dos domicílios até 2014 por R$ 35 -ou R$ 29,80, onde houver isenção de ICMS.
Em janeiro deste ano, as teles passaram a negociar sua adesão ao plano e pediram contrapartidas para cobrir perdas em locais de baixo poder aquisitivo.
A Folha apurou que Dilma disse ao ministro que não quer abrir o cofre às teles e a Telebrás pode ser a saída.
"A Telebrás vai ter que entrar forte na construção de fibras ópticas e a presidenta Dilma está disposta a investir recursos do Orçamento para isso", disse Bernardo na semana passada. Pelos seus cálculos, seria preciso R$ 1 bilhão ao ano na estatal.

CONTRAPROPOSTA
Não interessa às teles que a Telebrás receba dinheiro do governo e entre no mercado atacadista, pois haveria mais competição no varejo e consequente queda de preço.
As operadoras tentarão desarmar essa posição com uma contraproposta que não exigirá desembolsos do governo: aval para que possam vender serviços combinados, como telefonia fixa e TV por assinatura.
A Net já faz isso em São Paulo pelo "Banda Larga Popular", programa estadual. A empresa vende 1 Mbps por R$ 29,80 com isenção de ICMS e cobra R$ 10 a mais (recolhendo integralmente o imposto) para entregar também TV e telefone fixo. Resultado: 500 mil clientes desde o final de 2009.


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