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Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Fornecedor sofre com consolidação
A consolidação do varejo,
que se acentuou com a união
de Casas Bahia e Pão de Açúcar, e, mais recentemente, a
de Ricardo Eletro e Insinuante, mudou o tratamento dado
a fornecedores de móveis e
eletrodomésticos.
Quem mais reclama é o fabricante de móveis. O aumento do poder de compra
do varejista deixou vulnerável a ponta fornecedora, segundo o presidente da Abimovel (Associação Brasileira
das Indústrias do Mobiliário), José Luiz Fernandez.
"Sempre teve pressão do
varejo por preço baixo, mas,
se sua proposta não condizia
com o que um deles queria,
você ia procurar outro. Hoje é
menos flexível", diz Sílvio Pinetti, do sindicato moveleiro
de Arapongas (PR).
Numa negociação, a margem de lucro pode cair até
10%, dizem fabricantes que
pedem para não ser identificados. Ponto Frio e Casas Bahia são os que impõem condições mais duras, especialmente após a fusão, dizem.
O Pão de Açúcar afirma
que "não há consolidação
das compras de móveis entre
as áreas comerciais do Grupo
Pão de Açúcar (Extra) e Ponto Frio, uma vez que as áreas
comerciais das duas redes
atuam separadamente".
No início deste ano, o Cade
assinou um acordo para permitir a integração operacional entre as redes Ponto Frio
e Casas Bahia. As empresas
podem unir áreas. O departamento de compras, porém,
deve permanecer separado,
por decisão do Cade.
A negociação com fornecedores pode ser feita em conjunto, mas cada rede deve firmar contrato próprio.
ALÉM DO HORIZONTE
José Carlos Grubisich,
presidente da ETH Bioenergia, voltou na sexta-feira do Japão, animado com
as perspectivas para o etanol brasileiro. O governo
japonês quer cortar 25%
das emissões de carbono e
discute aumentar o etanol
na gasolina. A meta é 3%
de adição de etanol no
combustível e pode passar
a 10% em 2020. "O mundo
começa a entender que o
etanol de milho perde para
o de cana no balanço enérgico e ambiental." O Japão
tem pouco etanol, e muito
dessa adição sairia do Brasil, diz. "O mercado potencial japonês é estimado entre 5 bilhões e 6 bilhões de
litros de etanol, no horizonte de 2020, baseado na
adição de 10%. Mas ainda
haverá muita discussão,
antes de o Japão decidir."
Quanto à abertura de outro
horizonte, o de capital na
Bolsa, pensada para o segundo semestre de 2011,
deve ficar só para o primeiro trimestre de 2012.
Braço de ferro Luiz Carlos Batista, presidente do Conselho da Máquina de Vendas,
resultante da união de Ricardo
Eletro e Insinuante, admite
que, na junção das redes, ganharam escala e podem agora
"comprar melhor. A empresa
cresceu e passa a ter um poder
de barganha maior. Mas temos
o mesmo respeito no tratamento com o varejista".
Unidos venceremos A integração das áreas de
compras das duas redes já foi
concluída, assim como a do
marketing. O próximo passo é
integrar a logística, diz Batista.
Mudanças no ar Fornecedores de eletrodomésticos
também confirmam que houve alterações na relação com o
varejo após a redução do número de clientes, mas não detalham o que tem ocorrido.
Fracos e fortes De acordo com um especialista em
concorrência, os fornecedores
de móveis, que são mais pulverizados em empresas menores, tendem a sofrer mais que
os de eletrodomésticos -que,
por serem empresas de maior
porte, podem rejeitar certas
condições nas novas políticas
de compras.
Escolinha do... No
BNDES, logo concluíram: é o
banco brasileiro fazendo escola. Barack Obama estuda criar
um banco nacional de desenvolvimento para financiar infraestrutura.
RECEITA SEXY
"Cristão, otimista e ousado." A autodefinição do empresário Francisco Deusmar
de Queirós, 62, presidente da
rede de farmácias cearense
Pague Menos, combina com
uma empresa que inaugura
em média quatro lojas por mês
neste ano. Para fortalecer a
presença no Sul e no Sudeste,
Queirós, que tem 370 farmácias, em todos os Estados, planeja construir um centro de
distribuição em 2011. "Pode
ser em Minas, Goiás ou Rio. Dificilmente, em São Paulo, porque não oferece incentivo fiscal." A companhia se prepara
para abrir capital, o que deve
ocorrer só no final de 2012 ou
início de 2013. "Já contratamos a KPMG, para fazer a auditoria dos balanços, e a Ernst
& Young, para a governança
corporativa. O banco de investimento só vamos definir em
2011." A meta de Queirós é
atingir Ebitda de R$ 150 milhões em 2012, o que ele considera um bom número para um
IPO de sucesso. O crescimento
da rede atrai a atenção de
grandes grupos interessados
em comprá-la. "O assédio é
quase sexual", brinca. "Mas
não tenho interesse em vender." Líder em faturamento no
setor, ele projeta R$ 2,2 bilhões
para 2010 -alta de 20%.
NÚMEROS DA PAGUE MENOS
R$ 1,86 bi
Faturamento em 2009
R$ 96,8 mi
Ebitda em 2009*
*Lucro antes de juros, impostos,
amortização e depreciação
MAIS AÇO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
O uso do aço na construção civil deve crescer no país.
Com o atraso na implementação de obras de infraestrutura, especialmente
as ligadas aos megaeventos
esportivos de 2014 e 2016, a
utilização de perfis metálicos
é uma saída, de acordo com
Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria.
A principal vantagem do
sistema é a rapidez. "Uma
obra com sistema construtivo baseado no aço pode ser
concluída em tempo até 40%
inferior aos processos tradicionais", diz Romano.
Em 2009, o consumo de
aço no mercado doméstico
caiu 22%. Neste ano, porém,
a expectativa é de alta de
12%, segundo a consultoria.
"O principal entrave a essa
saída é a falta de mão de obra
especializada na área", diz.
com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK
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