São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Telefónica "sai" da PT para garantir Vivo

Espanhóis venderam ações da Portugal Telecom a investidores que se comprometeram a votar pela venda da Vivo

Assembleia para decidir futuro da operadora brasileira ocorre no dia 30; Telefónica deverá aumentar sua oferta

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A Telefónica realizou mais uma manobra para tentar aumentar suas chances de comprar a Vivo da PT (Portugal Telecom).
Ambas são sócias da operadora brasileira com 30% de participação cada uma.
Ontem, os espanhóis venderam 8% das ações com direito a voto que detinham da PT, restando 2,02%. Planejavam a venda de mais um bloco de ações, mas desistiram.
A Folha apurou que esses papéis foram vendidos a investidores que se comprometeram a votar a favor da venda da Vivo à Telefónica na reunião do próximo dia 30.
Embora seja acionista com direito a voto, a Telefónica deverá ser impedida de votar na assembleia por evidentes conflitos de interesse. É dela a proposta de compra da participação da PT na Vivo por € 6,5 bilhões.
Analistas de mercado consideraram a estratégia da Telefónica uma jogada para tentar minar a resistência do conselho administrativo da PT contrário à venda.
Esse conselho passou o último mês tentando convencer os investidores estrangeiros da Portugal Telecom (que detêm 72% das ações da operadora) a ficarem com a Vivo.
Para os portugueses, abrir mão da Vivo significa mudar drasticamente seu plano industrial. Hoje, a operadora brasileira responde por 46% das receitas da PT.
A disputa pela Vivo teve início em meados de maio, quando a Telefónica ofereceu € 5,7 bilhões pela parcela da PT. Em junho, os espanhóis passaram para € 6,5 bilhões. O conselho da Portugal Telecom espera, no mínimo, € 7,5 bilhões.
Para evitar novo aumento de lance, a Telefónica, como sócia da PT, tentou incluir na pauta da reunião do dia 30 a alteração das regras de divisão de dividendos.
Parte da venda (€ 900 milhões) seria descontada do total (€ 6,5 bilhões) e distribuída como lucro. Era uma tentativa de "seduzir" os acionistas minoritários a votarem pelo "sim".
A proposta foi negada pelo presidente da assembleia, que também lançou dúvidas sobre as chances de voto da Telefónica. Por isso, os espanhóis decidiram vender suas ações na PT. A Folha apurou que, por garantia, a Telefónica também elevará a oferta.


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