São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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Lobby pode atrasar projetos para a Copa

Empresários ligados ao setor ferroviário convencem governos a trocar sistemas de ônibus por projetos de trem

Mudança gera custo adicional e afeta prazo de entrega das obras; Salvador e Cuiabá já alteraram proposta


DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

O lobby promovido por empreiteiras e fabricantes de equipamentos ferroviários está modificando projetos de transporte da Copa de 2014.
As mudanças estão tornando os projetos mais caros e podem inviabilizar sua execução no prazo necessário até o evento.
Das 12 cidades-sede, 10 tinham assumido o compromisso de fazer projetos de transporte de BRT (ônibus rápido) ou corredores expressos. Em duas, já houve anúncio oficial de mudança de BRT para VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ou metrô: Salvador (BA) e Cuiabá (MT). Natal (RN) tenta incluir um projeto ferroviário.
A Folha apurou que cidades que ainda não começaram seus projetos de BRT sofrem pressão por mudança.
Em reunião com governadores, a presidente Dilma Rousseff determinou que todos os projetos estejam em execução até o fim do ano.
O presidente da NTU (Associação Nacional dos Transportes Urbanos), Otávio Cunha, diz que, antes de anunciar os compromissos do Brasil com a Fifa, o governo federal decidiu por financiar mais projetos de BRT porque eram mais rápidos de serem realizados. O tempo médio é de 18 meses de obra.
Mas, segundo Cunha, a responsabilidade por executar os projetos foi passada às prefeituras, que tiveram duas dificuldades. A primeira, em assumir o pagamento das desapropriações. A segunda dificuldade era realizar bons estudos de viabilidade.

MUDANÇA DE TRILHO
Em Cuiabá, havia a previsão de fazer três BRTs. Os estudos já estavam prontos e as desapropriações seriam iniciadas. Mas, desde o ano passado, um lobby liderado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado José Riva (PP), começou a fazer pressão pelo VLT.
Riva levou empreiteiras e fabricante de equipamentos a encontros com o governador eleito em 2010, Silval Barbosa (PMDB).
Na semana passada, o governador anunciou a mudança do BRT para VLT. O resultado: a obra deverá passar dos R$ 488 milhões previstos para, no mínimo, R$ 1,1 bilhão. O preço da passagem no VLT é projetado para ser o dobro do BRT.
"A única certeza nessas mudanças é que nenhum projeto de VLT vai ficar pronto até a Copa", diz o consultor Cláudio de Senna Frederico, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo e que trabalha com BRTs.
Em Salvador, o projeto original também foi modificado. A única decisão é não usar mais o BRT -orçado em R$ 570 milhões- na via principal. Não foram divulgados o novo custo com ferrovia e o tipo de equipamento que será usado (VLT ou metrô).
Em Natal, os governos estadual e municipal estão apresentando um plano de VLT para tentar incluí-lo como projeto para a Copa.


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