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Franceses desistem de leilão do trem-bala
Motivo é falta de sócio local, que estaria esperando resultado final para entrar no projeto, como em Belo Monte
Só sul-coreanos devem concorrer; apenas 15
empresas estrangeiras
detêm tecnologia para
obra orçada em R$ 33 bi
DIMMI AMORA
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA
As empresas francesas de
trens de alta velocidade vão
desistir de participar do leilão do trem-bala do Brasil se
ele for confirmado para a
próxima segunda-feira. Alemães e espanhóis devem seguir o mesmo caminho, conforme apurou a Folha.
Os grupos multinacionais
estão sendo procurados desde a semana passada pela
ANTT (Agência Nacional de
Energia Elétrica) para formarem consórcios com empresas nacionais, mas ainda
apostam num adiamento do
leilão por parte do governo.
Com a desistência francesa, o governo fica ainda mais
pressionado a tentar conseguir que pelo menos mais um
consórcio entre na disputa.
Até agora, só o grupo sul-coreano, formado pela estatal operadora Korail e pela fabricante Rotem/Hyundai e que teria mais 20 empresas
nacionais e estrangeiras,
confirma que fará proposta.
A França foi o segundo
país a deter a tecnologia, em
1981. Sua fabricante de equipamentos, a Alstom, é a que
tem mais trens de alta velocidade em operação no mundo. É investigada por suspeita de pagamento de propina
por contratos no Brasil.
Os japoneses, pioneiros na
tecnologia, também não devem entrar no negócio. Uma
fonte do país classificou como "muito difícil" a participação no projeto que prevê ligar Campinas-SP-Rio se o leilão for na segunda.
Um grupo de 20 empreiteiras de São Paulo ligadas à Associação de Empreiteiras de
Obras Públicas e que se apresentou como interessado desistirá se a data for mantida.
Para realizar o leilão da hidrelétrica de Belo Monte, o
governo forjou um consórcio
de última hora com a estatal
da Eletrobras e subsidiárias
garantindo 49% do projeto.
No caso do trem-bala, essa
possibilidade é mais remota.
Isso porque o edital exige
que o consórcio tenha um fabricante e um operador desse
tipo de trem.
Só oito países no mundo
detêm a tecnologia de fabricação, em cerca de 15 empresas. A operação também é
restrita a empresas de poucos países no mundo.
O principal motivo da desistência é que as companhias francesas não conseguiram firmar parceria com
as construtoras brasileiras.
Os japoneses estão com a
mesma dificuldade. As grandes empreiteiras do país não
estão se mostrando dispostas
a entrar no grupo inicial do
leilão. Querem, segundo
uma fonte, ser contratadas
depois do negócio com as
condições que elas quiserem
oferecer para fazer a obra.
Além da falta de parceiros
nacionais para a construção,
que responde por cerca de 2/
3 dos custos estimados de R$
33,1 bilhões, os estrangeiros
não estão convencidos da
viabilidade do projeto.
Empresários do setor ferroviário pediram o adiamento por seis meses do leilão.
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