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commodities
Doença e preço reduzem safra de laranja
Na região de Ribeirão Preto, produção deste ano cai 17,5% em relação à de 2009; no Estado, queda é de 11,7%
Pés produtivos são arrancados devido a doenças; produção cai
e espaço é ocupado
pela cana-de-açúcar
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
O que era um temor do setor citrícola se confirmou: a
produção de laranja na região de Ribeirão Preto recuou
17,5% na atual safra em comparação à anterior. A região é
o maior parque citrícola do
Estado de São Paulo, com
cerca de 30% da produção.
Houve queda também no
Estado, mas em proporção
menor: 11,7%.
Isso ocorreu, principalmente, por causa da erradicação de pés em produção
devido ao surgimento de
doenças como o "greening".
Também influenciou a desistência de produtores, desestimulados com os baixos
preços da fruta.
Nos seis EDRs (Escritórios
de Desenvolvimento Rural)
da região, o total de pés em
produção foi de 66,83 milhões na safra 2009/10, ante
68,99 milhões da safra anterior. Os dados são do IEA
(Instituto de Economia Agrícola), órgão da Secretaria de
Estado da Agricultura e
Abastecimento.
Essa diferença, de 2,15 milhões de pés, significa que,
por dia, 5.902 pés de laranja
deixaram de produzir na região. A queda foi de 17,5%,
passando de 109,24 milhões
de caixas de 40,8 quilos da
safra anterior para 90,12 milhões na atual.
No Estado, a produção
caiu de 360,78 milhões de
caixas para 318,63 milhões
(11,7% a menos). São Paulo
responde por cerca de 80%
da produção nacional.
No EDR de Barretos, maior
produtor do Estado por incluir Bebedouro, a queda foi
de 3,48%. Só para ter uma
ideia, na área quase 1 milhão
de pés de laranja foi arrancado entre uma safra e outra.
Para a pesquisadora do
IEA Priscila Fagundes, a redução ocorreu por causa da
contaminação dos laranjais
pelo "greening" e por outras
doenças cítricas, como a tinta preta e a estrelinha. "Os
problemas sanitários, associados aos problemas climáticos ocorridos na safra, geraram a redução na região."
Priscila afirmou que o aumento nos custos de produção também levou citricultores a desistir da atividade.
ESPAÇO PARA A CANA
Foi o que aconteceu com
Otto Henrique Mahle Neto,
36, de Bebedouro. Seu avô,
Otto Henrique Mahle, já foi
considerado o maior produtor de laranjas do mundo, ao
colher 1,5 milhão de caixas
nas décadas de 1950 e 1960.
Atualmente, a produção da
família não ultrapassa 300
mil caixas.
"Reduzimos a produção
por causa da instabilidade da
laranja. O surgimento das
doenças e a falta de controle,
além do preço ruim, desestimularam nossa produção e
resolvemos migrar para a cana-de-açúcar. Hoje, temos
60% de cana e o restante de
laranja", disse.
Para o presidente da Associtrus (Associação Brasileira
de Citricultura), Flávio Viegas, a desvalorização da laranja pela indústria é a principal causa da redução do
plantio na região. "A indústria impõe um preço muito
baixo, que, diante dos custos
de produção, acaba inviabilizando a produção", disse.
Como agravante, ele cita a
presença das doenças nos
pomares. "O governo tem de
atuar contra tudo isso, para
que a citricultura não sofra
ainda mais prejuízos como os
registrados atualmente",
afirmou Viegas.
O presidente do Sindicato
Rural de Bebedouro, José Osvaldo Junqueira Franco, faz
coro aos colegas: a ocorrência de doenças nos citrus e os
baixos preços de mercado
desestimulam os produtores.
Na cidade, segundo ele, a
laranja deixou de ser a principal cultura para dar espaço
à cana-de-açúcar. "Tínhamos 45 mil hectares de laranja em produção. Agora, esse
número não passa de 17 mil
hectares", disse.
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