São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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Bancos criticam ação do Brasil no câmbio

Instituto de Finanças Internacionais afirma que evitar queda do dólar é "esforço inútil" e cobra foco em política fiscal

Entidade não especifica valor adequado para o câmbio, mas diz que não se surpreenderia se fosse mais alto

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne os maiores bancos do mundo, criticou ontem o esforço do Brasil para controlar o valor do real e disse que o governo deveria permitir uma evolução natural da moeda, o que pode significar valorização.
Durante entrevista coletiva às vésperas da abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o grupo voltou a dizer que países emergentes devem valorizar suas moedas e apertar políticas fiscais.
O instituto não especificou um valor que crê ser mais adequado para a moeda, mas disse que não se surpreenderia se ele fosse mais alto.
Para o IIF, desde a crise econômica a valorização não foi tão grande e o valor nominal do real ainda é inferior ao de meados de 2008.
A taxa real efetiva (que leva em consideração as taxas de câmbio e patamares de inflação de um país em relação às mesmas variáveis para seus principais parceiros comerciais), no entanto, indica que o real atingiu em dezembro o maior nível de valorização desde setembro de 1998.
O dólar fechou ontem cotado a R$ 1,672 (-0,06%).
"Se existem pressões naturais dos fundamentos econômicos puxando o valor do real pra cima, o governo pode gastar um dinheiro enorme tentando manter a taxa menor [ao adquirir reservas internacionais, por exemplo], e é um esforço em geral inútil", disse à Folha Jeremy Lawson, vice-diretor de macroeconomia global do IIF.
"Deveriam deixar o real encontrar naturalmente um valor de mercado mais realista e focar outras coisas, como na política fiscal [corte de gastos]."
Lawson disse que a falta de aperto na área fiscal acaba forçando o Banco Central a aumentar os juros, mas que essa não é a ação ideal.
Em relação às pressões de fluxo de capitais estrangeiros no Brasil, o IIF projeta tendência geral de robustez.
O Brasil recebeu estimados US$ 122,8 bilhões em capitais privados em 2010 e tem projetados, após revisão para cima, US$ 108,9 bilhões para este ano e US$ 105,1 bilhões para 2012.


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