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"Saída" dos espanhóis da PT é alvo de suspeita
Executivo afirma que Telefónica não vendeu suas ações da Portugal Telecom
Autoridade portuguesa faz apuração para saber se novos acionistas podem votar pela venda da Vivo à Telefónica
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
A estratégia da Telefónica
de vender parte das ações
que possuía da PT (Portugal
Telecom) em troca de votos
favoráveis à venda da Vivo
corre o risco de dar errado.
Os espanhóis detinham
10% das ações com direito a
voto da PT e, supostamente,
venderam 8%.
A "venda" desses papéis
ocorreu em blocos para investidores que teriam se
comprometido a votar em favor da proposta da Telefónica, que oferece 6,5 bilhões
pela parcela da PT na Vivo.
A votação ocorre no próximo dia 30, data da assembleia de acionistas da PT.
Portugueses e espanhóis
detêm o controle da operadora celular brasileira com 30%
de participação cada um. A
Telefónica agora quer ter o
controle (60%).
Ontem, a CMVM (Comissão de Mercado de Valores
Mobiliários), órgão que regula o mercado de capitais em
Portugal, disse que está apurando a transação que reduziu a participação da Telefónica na PT.
Há suspeitas de que os espanhóis ainda tenham direito de voto sobre os papéis
porque, segundo o presidente da própria PT, Zeinal Bava,
a Telefónica fez contratos de
"equity swap".
No mercado, esse tipo de
operação costuma representar um "aluguel" das ações a
terceiros, que pagam uma taxa ao "vendedor" enquanto
usufruem dos rendimentos
gerados pelas altas e baixas
do papel. Quando o contrato
acaba, há renovação ou devolução do papel. "Não houve venda", disse Bava.
A Folha apurou que a venda das ações da PT em posse
da Telefónica envolveu contratos de "equity swap", mas
com liquidação física.
Isso significa que, em caso
de os atuais detentores votarem pela venda da Vivo à Telefónica, eles não terão de devolver as ações. Se os espanhóis quiserem os papéis de
volta, terão de comprá-los no
mercado.
Os portugueses discordam
e levantam suspeitas de que
a Telefónica poderá reaver
essas ações após a assembleia. Para eles, esse seria o
motivo que impediria os
atuais "detentores" dos papéis de votar pela venda da
Vivo na assembleia geral de
acionistas.
Se a CMVM confirmar essa
hipótese, a estratégia da Telefónica de obter adeptos na
votação fracassará e ela terá
infringido uma regra do mercado português, correndo o
risco de ser punida por isso.
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