São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2010

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"Saída" dos espanhóis da PT é alvo de suspeita

Executivo afirma que Telefónica não vendeu suas ações da Portugal Telecom

Autoridade portuguesa faz apuração para saber se novos acionistas podem votar pela venda da Vivo à Telefónica

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A estratégia da Telefónica de vender parte das ações que possuía da PT (Portugal Telecom) em troca de votos favoráveis à venda da Vivo corre o risco de dar errado.
Os espanhóis detinham 10% das ações com direito a voto da PT e, supostamente, venderam 8%.
A "venda" desses papéis ocorreu em blocos para investidores que teriam se comprometido a votar em favor da proposta da Telefónica, que oferece 6,5 bilhões pela parcela da PT na Vivo.
A votação ocorre no próximo dia 30, data da assembleia de acionistas da PT.
Portugueses e espanhóis detêm o controle da operadora celular brasileira com 30% de participação cada um. A Telefónica agora quer ter o controle (60%).
Ontem, a CMVM (Comissão de Mercado de Valores Mobiliários), órgão que regula o mercado de capitais em Portugal, disse que está apurando a transação que reduziu a participação da Telefónica na PT.
Há suspeitas de que os espanhóis ainda tenham direito de voto sobre os papéis porque, segundo o presidente da própria PT, Zeinal Bava, a Telefónica fez contratos de "equity swap".
No mercado, esse tipo de operação costuma representar um "aluguel" das ações a terceiros, que pagam uma taxa ao "vendedor" enquanto usufruem dos rendimentos gerados pelas altas e baixas do papel. Quando o contrato acaba, há renovação ou devolução do papel. "Não houve venda", disse Bava.
A Folha apurou que a venda das ações da PT em posse da Telefónica envolveu contratos de "equity swap", mas com liquidação física.
Isso significa que, em caso de os atuais detentores votarem pela venda da Vivo à Telefónica, eles não terão de devolver as ações. Se os espanhóis quiserem os papéis de volta, terão de comprá-los no mercado.
Os portugueses discordam e levantam suspeitas de que a Telefónica poderá reaver essas ações após a assembleia. Para eles, esse seria o motivo que impediria os atuais "detentores" dos papéis de votar pela venda da Vivo na assembleia geral de acionistas.
Se a CMVM confirmar essa hipótese, a estratégia da Telefónica de obter adeptos na votação fracassará e ela terá infringido uma regra do mercado português, correndo o risco de ser punida por isso.


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