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Petrobras e governo agora divergem sobre reservas do pré-sal
Divergência pode atrasar capitalização
Diferença na estimativa dos reservatórios se soma à discordância sobre preço dos barris como entrave à operação
Para o governo, divergência sobre
reservas é mais grave
que a sobre o cálculo
do valor do barril
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
A principal divergência
entre governo e Petrobras
não é mais o valor do preço
do barril de petróleo que será
usado na capitalização da
empresa, mas o cálculo do tamanho das futuras reservas
de óleo da União que entrarão no negócio.
Laudo contratado pela Petrobras aponta volume bem
menor de petróleo nas áreas
que a União entregará à empresa como sua parte na capitalização da petroleira em
relação ao da ANP (Agência
Nacional do Petróleo).
Segundo a Folha apurou,
no reservatório de Franco
(bacia de Santos), um dos
que entrariam no negócio, a
ANP calcula uma reserva de
4,5 bilhões de barris de petróleo na camada do pré-sal. O
laudo da Petrobras indica
menos de 4 bilhões de barris.
Em outra área vizinha ao
futuro campo de Tupi (bacia
de Santos), a diferença entre
os dois laudos chegaria a ser
de até 30% -sempre com o
estatal calculando valor menor do que o da ANP.
Segundo um técnico, está
havendo uma "queda de braço" com a estatal, que terá de
fazer um "esforço para avançar nas negociações" sobre a
cessão de 5 bilhões de barris
de petróleo de propriedade
da União.
Caso a estatal não ceda, o
mesmo técnico disse que há
risco de não ser fechado o
acordo com a União a tempo
de realizar a capitalização no
final de setembro.
CONVENIÊNCIA POLÍTICA
Além dessa disputa, a operação pode ser adiada também por uma decisão do presidente Lula. Ele vai avaliar
se politicamente é conveniente fazê-la às vésperas da
eleição presidencial.
O problema é que, sem a
capitalização, a estatal não
terá recursos para bancar seu
plano de investimentos, que
incluem obras que o presidente tem usado como bandeira para alavancar a candidatura de Dilma Rousseff a
presidente.
A divergência sobre o tamanho dos reservatórios é
considerada pelo governo
mais grave do que a encontrada no cálculo do valor do
barril de petróleo dessas futuras reservas que seriam cedidas à Petrobras.
Isso porque, quanto menor o volume das áreas escolhidas previamente para a
capitalização, mais reservatórios a União teria de colocar na operação para atingir
os 5 bilhões de barris de petróleo -volume aprovado
pelo Congresso- como sua
parte no negócio.
As divergências de tamanho e de preço se devem a
metodologias diferentes usadas pelas certificadoras contratadas pela estatal e pela
ANP para fazer a avaliação e
renderam momentos de tensão nas últimas reuniões entre técnicos dos dois lados.
CONSERVADORA
O governo considera a metodologia do laudo da ANP
mais apropriada e classifica a
da Petrobras de "conservadora". Os dados da agência
são mais favoráveis à União,
já que tanto o valor do barril
-entre US$ 10 e US$ 12- como o volume de petróleo são
maiores.
A Petrobras alega que
usou uma metodologia mais
avançada e mais adequada
para o cálculo das reservas
do pré-sal. Os técnicos da
empresa se defendem dizendo que eles têm mais conhecimento sobre a área.
Para chegar a um consenso, o governo determinou
que as certificadoras refizessem seus cálculos, desta vez,
cada uma usando a metodologia da outra para um cruzamento de avaliações.
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