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Empresa "sem BNDES" tem juro maior
Taxa paga por pessoas jurídicas a bancos comerciais sobe para 28,7% em julho, diz BC; banco estatal cobra 6%
Crédito ao consumidor também fica mais
caro; taxa de 167,3%
no cheque especial
é a maior em um ano
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
As empresas sem acesso
ao crédito subsidiado do
BNDES (banco estatal de desenvolvimento) foram as que
mais sofreram com a alta dos
juros bancários em julho.
Segundo dados do Banco
Central, a taxa média paga
pelas empresas aos bancos
comerciais subiu para 28,7%
ao ano, a maior desde abril
de 2009.
As maiores altas foram verificadas nas modalidades
desconto de duplicata e conta garantida. Nessa última, a
taxa anual de 91,8% é a
maior desde abril de 1999.
O custo do crédito no
BNDES, por outro lado, tem
como referência a TJLP, que
está hoje em 6% ao ano.
O crédito ao consumidor
também ficou mais caro no
mês passado. Apesar de a taxa média anual ter ficado
praticamente estável, houve
alta no cheque especial
(167,3%, a maior em um
ano), no crédito pessoal
(42,2%) e no financiamento
de veículos (24%).
A alta dos juros se deve à
elevação do "spread" bancário -parcela que embute
custos, riscos e o lucro das
instituições financeiras. O BC
afirma, no entanto, que esse
aumento não está relacionado ao comportamento dos
bancos, mas à piora no perfil
dos seus clientes.
"Às vezes as taxas sobem
por razões justificadas. As
grandes empresas liquidaram seu endividamento no
crédito livre e foram para o
direcionado [do BNDES]. As
empresas que estão buscando empréstimos no segmento livre hoje têm risco mais
elevado", disse Altamir Lopes, chefe do Departamento
Econômico do BC.
DIVERGÊNCIA
A avaliação do governo é
que a alta dos juros é pontual
e que a inadimplência, que ficou estável em julho, voltará
a cair.
O economista Alexandre
Andrade, da consultoria Tendências, discorda. Para ele,
os juros devem subir nos próximos meses para consumidores e empresas, reflexo da
alta da taxa básica (Selic)
promovida pelo BC desde
abril. Com o encarecimento
do crédito, a inadimplência
deve aumentar.
Andrade diz ainda que a
recuperação do crédito sem
subsídios para as empresas
vai depender do comportamento do BNDES, já que as
taxas cobradas pela instituição estão abaixo do custo de
captação dos bancos.
"Ao conceder essas linhas
de capital de giro, o banco
atrai os melhores tomadores.
E as empresas que não têm as
mesmas condições acabam
ficando à mercê do crédito livre", afirmou Andrade.
Reportagem da Folha
mostrou que o BNDES concentrou suas operações de
empréstimos desde a crise de
2008 em 12 grandes empresas, como a Petrobras. Banco
do Brasil e Caixa também
possuem concentração de
empréstimos acima do verificado no setor privado.
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