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STJ define prazo sobre planos econômicos
Tribunal julga correção de perdas da poupança entre 1987 e 1991; Febraban diz que há 840 mil ações individuais
Se perderem, bancos dizem que terão de pagar mais de R$ 180 bi; Idec diz que valor é bem menor, de R$ 13,4 bi
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O STJ (Superior Tribunal
de Justiça) pode definir hoje
sobre a redução do prazo de
prescrição de 20 anos para 5
anos das ações civis públicas que pedem, coletivamente, a correção indevida
das poupanças nos planos
Bresser (1987), Verão (1989)
e Collor 1 (1990) e 2 (1991).
A maioria é de ações movidas por entidades de defesa do consumidor, sindicatos e associações de classe.
Para as ações individuais,
o prazo de prescrição continua em 20 anos e não é questionado neste momento. Segundo a Febraban, há hoje
cerca de 840 mil ações individuais em curso na Justiça.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), se a redução do prazo de prescrição for aprovada, os bancos derrubam, em
uma só tacada, 1.015 das
1.030 ações coletivas que
correm na Justiça.
Essas ações representam
99% dos 70 milhões de contas de poupanças que teriam
direito à correção indevida.
"Não tem cabimento mudar o prazo. Há entendimento no próprio STJ sobre isso",
disse Maria Elisa Novaes, gerente jurídica do Idec.
O questionamento ocorreu após uma decisão do
próprio STJ ter aceitado a redução de prazo de prescrição em um julgamento sobre a correção dos planos
econômicos. Agora, o STJ terá de uniformizar a decisão.
NINGUÉM SABE VALOR
A disputa em torno dos
planos econômicos é o embate de maior valor já analisado pelo Judiciário brasileiro. Os bancos afirmam que
as ações podem custar mais
de R$ 180 bilhões.
Além da decisão sobre o
prazo de prescrição, o STJ
pode definir o índice que deveria ter sido aplicado para
corrigir os saldos das poupanças em cada um dos planos econômicos.
Também pode entrar na
pauta a discussão sobre o regime de capitalização dos juros (mensal ou anual) e se os
bancos têm legitimidade para responder pela eventual
correção errada das poupanças -eles alegam que seguiam instruções do Banco
Central e do governo.
"Além de estarem seguindo regras, os bancos não ganharam nada com isso; eles
fizeram empréstimos imobiliários com o mesmo índice
de correção", disse Antonio
Carlos Negrão, gerente jurídico da Febraban.
As ações reivindicam a diferença de índice de correção
das cadernetas no mês em
que entraram em vigor esses
planos. No Bresser e no Verão, teriam direito as poupanças com aniversário na
primeira quinzena, porque
ambos os planos entraram
em vigor no dia 16.
Os bancos, porém, aplicaram o novo índice de correção (que era menor) para todos os aniversários do mês,
incluindo os com data anterior ao plano. As entidades
de defesa do consumidor
afirmam que os bancos só
deveriam aplicar o novo índice a partir do dia 16, porque a regra não retroage.
GOVERNO COM BANCOS
A causa dos bancos tem
apoio do BC e do próprio governo, controlador do BB e
da Caixa, banco que mais
perde com as correções.
Em 2009, os bancos entraram no STF com uma ADPF
(Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), pedindo liminar
que suste todos os processos
em curso e que emita pronunciamento definitivo sobre o assunto. Para eles, a
disputa causa instabilidade
jurídica e ameaça a solvência do sistema financeiro.
Os bancos falam em perdas potenciais de R$ 180 bilhões se todos os 70 milhões
de poupadores tiverem direito à correção. Já o Idec e outras entidades afirmam que
apenas quem entrou com
ação no prazo teria direito à
correção, o que somaria cerca de R$ 13,4 bilhões -valor
de provisões que os bancos
teriam reservado para arcar
com esses contenciosos.
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