|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Governo não consegue 50% da Petrobras
Ações da empresa estreiam com instabilidade e caem até 2,19% na Bolsa de Nova York em dia de revisão do otimismo
Adesão dos demais acionistas surpreende e impede governo de aumentar ainda mais participação na estatal
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
O governo Lula deve sair
da capitalização da Petrobras, a mais ambiciosa parceria feita com as finanças
globais, sem atingir a meta
de alcançar 50% do capital
da companhia, como ocorria
até o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A União só chegou, até
agora, a 48% do capital da
estatal, segundo o ministro
Guido Mantega (Fazenda).
Em tese, pode ainda elevar
essa participação se comprar
ações nos lotes extras ainda
disponíveis. Mas é improvável que consiga isso à frente
dos demais interessados.
A Petrobras captou até
R$ 120,4 bilhões na maior
oferta de ações já feita no
mundo. Apesar do sucesso
da operação, as novas ações
estrearam ontem na Bolsa de
Nova York com uma dose de
ceticismo dos investidores.
Após forte instabilidade,
terminaram o dia com baixa
de 2,19% para os ADRs (recebido de ações nos EUA) ON e
de 1,88% para os PN.
Os investidores tiveram
ontem uma atitude mais comedida em relação à megaoferta. Isso porque os coordenadores não colocaram à
venda todo o lote extra.
Os novos papéis também
saíram com desconto alto em
relação à Bolsa, estimulando
a venda com preço superior
ao comprado na oferta.
PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO
Em plena festa na
BM&FBovespa, o ministro
Mantega se adiantou para dizer que o governo tinha aumentado sua participação na
estatal de 40% para 48%.
A informação sobre quem
compra os papéis é uma das
mais confidenciais de toda a
operação e pode ser revelada
só em 29 de outubro, data do
balanço de encerramento.
Será quando o mercado saberá se fundos soberanos da
Ásia e do Oriente Médio aderiram à oferta.
A fatia do governo "vazada" pelo ministro inclui também as ações compradas pelo BNDESPar, pela Caixa Econômica Federal e pelo próprio Fundo Soberano.
"É a maior capitalização já
feita na história do capitalismo. Acontece no momento
mais difícil da recuperação
do mundo, quando ainda há
muitos problemas financeiros, e a dez dias da eleição no
Brasil. Diria que é um feito
importante", disse Mantega.
No caso, o governo foi vítima do próprio sucesso da Petrobras com seus acionistas,
que tiveram prioridade para
comprar os novos papéis para não serem diluídos.
A expectativa inicial era
que boa parte desses acionistas ficasse fora, possibilitando ao governo comprar grande parte das "sobras". Isso
não aconteceu, como adiantou a Folha.
Na capitalização, o governo reservou R$ 74,8 bilhões
para comprar ações. Diferentemente dos minoritários
que entram com dinheiro, o
governo cede títulos que
mais tarde "viram" os 5 bilhões de barris de petróleo.
É provável que o governo
não tenha conseguido emplacar todos os R$ 74,8 bilhões na compra de ações. Se
não levar tudo em ações, ganhará dinheiro vivo dos investidores como "prêmio de
consolação". O dinheiro vai
para o Tesouro equilibrar as
contas públicas.
Isso porque a oferta estabelece que, em qualquer cenário, o governo vende
R$ 74,8 bilhões em barris para a Petrobras, mesmo que
nem todo esse volume seja
convertido em novas ações.
Texto Anterior: Cotações/Ontem Próximo Texto: Cifras & letras: Psicóloga ensina casais a discutir a relação financeira Índice | Comunicar Erros
|