LALO DE ALMEIDA
DE SÃO PAULO

A Kombi da Espaço Editorial com oito vendedores percorre o bairro Nossa Senhora de Fátima, em Embu das Artes (Grande São Paulo).
Na última parada, João Ferreira de Lima, que trabalha na empresa há 14 anos, começa a gastar a sola do sapato. Nas primeiras abordagens, não obtém sinal de vida. São quase 11h. O sol está de rachar. Depois de umas cinco casas, a sorte muda.
A família de Sebastião Carlos, montador de móveis das Casas Bahia, resolve atendê-lo. Ainda na porta da garagem, a conversa era bem vaga, algo sobre "educação e cultura". Não se falou nada de "vender". Lima pediu para fazer um teste com as crianças de Carlos.
"Como se escreve enxada?" "Em que dia Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil?" "Quantos Estados o país tem?", "Qual a capital da Bahia?" O menino acertou quase todas. A menina, quase nenhuma.
Depois de deixar a garota sem graça e os pais aflitos, o vendedor apresentou a solução -um livro meio enciclopédia meio reforço escolar, o "Super Estudante".
Metade do trabalho já estava feito. Agora, só faltava a parte do preço: "É só comprar menos bala e chiclete, economizar R$ 3 por dia que em seis meses o livro já estará pago". Ao todo, R$ 558. Sem hesitar, o pai passa o cartão de crédito na maquininha.
O dono da Espaço Editorial, Valter Borges, defende o método dos vendedores.
"Se não mostramos para as crianças o estudo, sabemos que há gente aí disposta a mostrar outras coisas."

Com FELIPE VANINI BRUNING, colaboração para a Folha


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