São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011

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Reajuste trimestral dá lucro inédito à Vale

Novo sistema de revisão de preços permitiu alta de 60% na cotação do minério de ferro; lucro chegou a R$ 30 bi

Mineradora anunciou ontem que preço da matéria-prima será reajustado em 20% no próximo trimestre

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O novo sistema de reajuste trimestral aplicado nos contratos de venda do minério de ferro deu à Companhia Vale do Rio Doce o maior lucro líquido da história da mineração mundial.
Em 2010, a companhia brasileira obteve lucro de US$ 17,2 bilhões (R$ 30 bilhões).
O resultado foi US$ 4 bilhões (R$ 7,11 bilhões) superior ao resultado recorde de 2008, quando a Vale obteve lucro de US$ 13,2 bilhões (R$ 23,4 bilhões).
"O novo sistema de revisão de preços deu grande resultado. Não há a menor intenção de retomar a sistemática anterior [de reajustes anuais] ou passar para uma sistemática de periodicidade mais curta", disse José Carlos Martins, diretor-executivo de marketing, vendas e de estratégia da Vale.
No ano passado, a companhia negociou com os clientes um novo sistema de revisão de preços. Apesar da resistência, todos aceitaram.
A forte demanda por minério de ferro, sobretudo da China, facilitou a imposição da companhia.
Nesta semana, a Associação de Ferro e Aço da China (Cisa, na sigla em inglês) criticou o modelo e disse que o setor siderúrgico chinês está pronto para expandir a produção própria de minério em várias partes do mundo.
O resultado do novo modelo apareceu no primeiro ano de vigência do novo sistema. Até agora, o minério subiu 60%. E não deve parar por aí.
O diretor da Vale disse ontem, em entrevista coletiva, que um novo reajuste deverá ser aplicado para o próximo ciclo de três meses. A companhia disse que o valor do minério de ferro será reajustado em 20%.

LUCRO DISTRIBUÍDO
Embora polêmica, a nova política de revisão de preços do minério consolidou uma mudança na distribuição dos ganhos entre três atores da cadeia do aço: a indústria siderúrgica, o produtor de carvão e a mineração de ferro.
De meados da década de 1990 até 2010, houve uma redistribuição dos lucros da cadeia do aço. A forte demanda de minério de ferro pela China criou o que os especialistas chamam de "superciclo" dos anos 2000.
Nesse período, as siderúrgicas perderam uma porção significativa dos ganhos da cadeia. Em contrapartida, os produtores de carvão e de minério de ferro ganharam.
O perfil mundial de produção de aço ajudou muito a consolidar essa situação, e em certa medida benefi- ciou a Vale.
A China converteu-se num grande produtor mundial de aço, mas com a condição de grande importador, algo que a Vale não acredita que mude no curto prazo.
A previsão de especialistas diante desse cenário é a manutenção dos preços em patamares elevados, e isso tende a favorecer a Vale nos próximos anos, sobretudo com o instrumento de revisão rápida de preços.
Na apresentação dos resultados, a diretoria da Vale deixou a tradicional cautela nas previsões e disse que o cenário é favorável para a quebra de novos recordes em receita, geração de caixa e lucros nos próximos anos.


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