São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE

Países árabes compram 35% do açúcar exportado pelo Brasil


LIBERDADE POLÍTICA, NOVOS INVESTIMENTOS E CRESCIMENTO ECONÔMICO NOS PAÍSES ÁRABES AINDA PODEM GERAR UM SALTO ADICIONAL NO CONSUMO DE AÇÚCAR


PLÍNIO NASTARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

No ano passado, os países árabes absorveram 35,4% das exportações brasileiras de açúcar, ou 9,9 milhões de toneladas de um total de 28 milhões.
Considerados como um bloco, os países árabes são, de longe, o maior destino dos embarques brasileiros. As exportações para a região são crescentes. Entre 2009 e 2010, o volume aumentou 28,1% e a receita subiu 71,3%, atingindo US$ 4,41 bilhões no ano passado.
A turbulência observada em alguns países do mundo árabe -como Tunísia, Egito, Iêmen, Bahrein e, mais recentemente, a Líbia- poderá eventualmente afetar, no curto prazo, o comércio e os embarques normais para alguns desses destinos.
Mas isso tampouco é certo. O açúcar continua sendo uma das fontes calóricas de mais baixo custo, e eventuais atrasos no suprimento somente seriam admissíveis por impactos de logística em situações de emergência e de anormalidade.
É certo, entretanto, que, no seio do clamor popular, existe um componente ligado ao desejo de acesso a padrões mais elevados de consumo, principalmente de alimentos. Boa parte do mundo árabe é composta por uma população jovem -vários desses países apresentam entre 40% e 50% da população total na faixa etária abaixo de 25 anos.
Os jovens são mais ávidos por produtos que contêm elevado conteúdo de açúcar, como refrigerantes, sorvetes, iogurtes, achocolatados, preparação de bolos e confeitos.
Não por outro motivo, o consumo per capita nos países árabes gira em torno de 30 a 36 quilos por ano, acima da média mundial, que foi de 23,9 quilos em 2009 (último dado disponível).
Liberdade política, novos investimentos e crescimento nos países árabes ainda podem gerar um salto adicional no consumo de açúcar.
A demanda por açúcar tem crescido porque trata-se de matéria-prima usada de forma direta e indireta para a fabricação de produtos industrializados.

QUEM COMPRA
O norte e o oeste da África e a Ásia são os atuais motores do crescimento mundial no consumo de açúcar -mercado que cresce 2,3% ao ano.
Entre os países árabes, os principais destinos das exportações brasileiras de açúcar em 2010 foram o Irã e os Emirados Árabes, com cerca de 1,5 milhão de toneladas cada um.
Em seguida aparecem Arábia Saudita e Argélia, com 1,2 milhão de toneladas cada um. Egito e Síria surgem na sequência, com compras entre 1 milhão e 1,1 milhão de toneladas; o Marrocos, com 855 mil, e o Iêmen, com 593 mil toneladas.
A Tunísia e a Líbia importaram, respectivamente, 154 mil e 54 mil toneladas de açúcar do Brasil no ano passado.
Entre os maiores importadores do açúcar brasileiro, destaques adicionais ficam por conta da Rússia -ainda o maior importador individual-, com 3,49 milhões de toneladas, a Índia (2,32 milhões), a China (1,25 milhão), a Nigéria (980 mil), a Malásia (880 mil) e a Venezuela (840 mil toneladas).

PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria.


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