São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011

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Detentos ocupam lugar de terceirizados

Nos EUA, crise motiva alocação de presidiários em serviços que eram feitos por funcionários ou parceiros

Em Nova Jersey, eles patrulham rodovias para remover carcaças de animais; na Geórgia, cuidam de cemitérios

ROBBIE BROWN E KIM SEVERSON
DO "NEW YORK TIMES"

Antes de ser preso, Danny Ives raras vezes viu uma horta. Mas lá estava ele, a dois anos do final de sua sentença por furto, inclinado sobre um canteiro, colhendo folhas largas de couve.
Pelo resto da semana, Ives e seus colegas de penitenciária comeriam as folhas que ele colheu, e o Estado da Flórida poderia economizar parte dos US$ 2,29 (R$ 3,81) ao dia que reserva à alimentação de cada presidiário.
Trabalhar na prisão fazendo placas de carros ou recolhendo lixo não é novidade, e quase todos os Estados norte-americanos têm programas semelhantes.
Mas hoje em dia as autoridades estão expandindo a prática a fim de combater os cortes na assistência federal e a queda na arrecadação tributária, e usam prisioneiros para pintar veículos, fazer faxinas em tribunais, varrer áreas de acampamento e realizar diversos serviços que antes da recessão eram executados por terceirizados ou funcionários públicos.
Em Nova Jersey, detentos patrulham rodovias para remover carcaças de animais atropelados. Os da Geórgia cuidam de cemitérios.
Na Califórnia, as autoridades penitenciárias esperam expandir os programas já em vigor, entre os quais o uso do trabalho dos detentos, usando tanques de ar e trajes de mergulho, para reparar tanques públicos de água que apresentem vazamentos.
Não existem números sobre o total de prisioneiros envolvidos em programas novos ou expandidos, nos Estados Unidos, mas os especialistas em justiça criminal perceberam a tendência.
O senador John Ensign, republicano de Nevada, apresentou projeto no mês passado pelo qual todos os prisioneiros em instituições de baixa segurança teriam de trabalhar 50 horas por semana. "Pense no custo de encarcerar alguém", disse Ensign.
"Queremos que eles fiquem parados na prisão se tornando violentos e planejando seus próximos crimes? Ou que tenham algum propósito e aprendam uma profissão?"
Os especialistas em finanças concordam. "São esforços modestos de corte de orçamento, mas tudo isso ajuda", disse Alan Essig, especialista em orçamentos no Instituto de Orçamento e Políticas Públicas da Geórgia.

RISCO
Existem, é claro, preocupações quanto à segurança pública e concorrência desleal com funcionários públicos ou trabalhadores do setor privado. Horn estima que apenas 20% dos detentos representam risco de segurança baixo o bastante para que possam ser autorizados a trabalhar em espaços públicos.
E, em alguns lugares, nem mesmo os governos mais prejudicados financeiramente aceitam o risco de dar trabalho aos prisioneiros.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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