São Paulo, sábado, 26 de março de 2011 |
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ANÁLISE Tecnologia prenuncia a era da "internet das coisas" JOHN NAUGHTON DO "GUARDIAN" Aqueles a quem os deuses desejam destruir são primeiro levados a se encantar com sua própria engenhosidade. Basta observar o entusiasmo com relação à "internet das coisas". Estamos avançando de uma era na qual a rede conectava seres humanos para uma era na qual a maioria dos nós encaminhará a impressoras, câmeras, sistemas de monitoração e eletrodomésticos (sim, até a humilde torradeira). Duas forças impulsionam essa tendência. A primeira é que sensores e sistemas de acionamento mecânico são incorporados com frequência cada vez maior a objetos. O segundo fator é que agora dispomos de endereços de internet em número suficiente para que cada objeto no planeta tenha o seu próprio. Originalmente, os endereços IP tinham 32 bits de extensão, o que significava que o número máximo de endereços era de pouco menos de 4,3 bilhões. Agora, uma nova convenção de endereçamento, conhecida como IPv6, está sendo adotada e utiliza endereços com 128 bits. Isso significa que o número máximo de endereços únicos disponíveis seria equivalente a 34 seguido de 38 zeros (34 mil milhões de bilhões). Em todos os países industrializados, as distribuidoras de energia começam a instalar relógios de luz "inteligentes", dotados de um botão de liga/desliga que poderá ser acionado remotamente. O propósito é permitir impor aos caloteiros um modelo pré-pago de fornecimento. Mas outros usos incluiriam impor cortes de energia forçados, caso a oferta não acompanhe a procura. A indústria automobilística é outro caso de mania de rede. O mais recente Mercedes classe S opera com mais de 20 milhões de linhas de código de computação e contém quase tantos computadores incorporados quanto um Airbus-A380. O nirvana tecnológico emergente acarreta dois problemas. O primeiro é que todos os programas de computador têm falhas. Mas a maior ameaça vem da corrida insensata para integrar tudo em redes porque, assim que algo está conectado à internet, torna-se vulnerável. Para os especialistas em guerra cibernética, por exemplo, o ataque ideal a um país alvo é cortar o fornecimento de energia. Como afirmaram dois especialistas em segurança da computação em um estudo recente, "quando a eletricidade para, em breve tudo mais também o faz. Até agora, a única maneira plausível de fazê-lo era realizar ataques contra instalações-chave de geração, transmissão e distribuição de energia, cada vez mais bem defendidas. Os relógios de luz inteligentes mudam o jogo". Quanto aos automóveis, na semana passada cientistas da computação norte-americanos revelaram que conseguiram assumir o controle de veículos por meio de redes sem fio. A deliciosa ironia é que as conclusões foram apresentadas em reunião do Comitê Universitário Nacional de Controles Eletrônicos para Veículos e Aceleração Involuntária, formado em parte como resposta ao escândalo surgido no ano passado pelos supostos problemas nos freios de carros Toyota. Bem-vindos à internet das coisas. Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: Internet em obras Próximo Texto: Governo estuda criar 16 linhas regionais de trens de passageiro Índice | Comunicar Erros |
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