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Carlos Slim vai fundir Embratel e Claro
Dono das duas empresas quer consolidar suas operações e gerar economia para enfrentar a concorrência futura
Negócio deverá ser concretizado em dois meses; junção deve gerar até 30% de economia de custo
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
O bilionário mexicano das
telecomunicações Carlos
Slim decidiu fundir a Embratel (telefonia fixa) e a Claro
(telefonia móvel).
A Folha apurou que a mudança ocorrerá em dois meses, no máximo, e que o atual
presidente da Embratel, José
Formoso Martínez, deverá
assumir a nova empresa.
O negócio também depende de aprovação da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações).
Há outros nomes na disputa pelo comando da nova
companhia, como o do presidente da Claro, João Cox. Mas
Slim prefere Martínez.
A reestruturação do grupo
do empresário mexicano no
Brasil é reflexo de uma mudança que começou no exterior. Em janeiro, a América
Móvil comprou a Carso, holding que controla a Telmex
México e Internacional. Todas elas são de Slim.
Essa modificação acionária entre as empresas já tinha
colocado Embratel, Claro e
parte da Net debaixo do guarda-chuva da América Móvil.
Agora, Slim quer consolidá-las em uma única empresa no país, a América Móvil,
para ganhar eficiência e reduzir gastos.
Cálculos iniciais indicam
que a sinergia (economia de
custo) entre as duas operadoras poderia ficar entre 20% e
30%, acima da média.
A Oi disse que teria sinergia de 20% na compra da
Brasil Telecom, mas ainda
não atingiu essa meta. A TIM
teve 15% com a Intelig. A Vivo passou a economizar R$ 1
bilhão por ano após a integração acionária de suas
operadoras.
Com a fusão entre Claro e
Embratel, será possível ampliar o compartilhamento de
infraestrutura e oferecer pacotes de telefonia integrados.
Também será mais fácil
conseguir crédito com juros
mais baixos devido ao porte
da nova companhia.
CONSOLIDAÇÃO
A Folha apurou com pessoas próximas a Slim que o
empresário mexicano está
descontente com os resultados exibidos pelo grupo no
Brasil e decidiu reestruturá-lo para enfrentar a concorrência da Vivendi, da Telefónica e da Portugal Telecom.
Esses grupos deverão ficar
mais agressivos, principalmente na telefonia celular, a
partir de 2011. Os franceses,
por exemplo, estão com apetite para levar as frequências
de 3G que serão leiloadas pela Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) ainda
neste ano.
Os resultados das empresas de Slim no Brasil são considerados positivos pelos
analistas, mas ele quer mais.
A Claro, por exemplo, ultrapassou a TIM em clientes,
mas ainda não conseguiu
partir para cima da Vivo. A
Net lidera em seu ramo, mas
os dividendos não podem ser
apropriados integralmente.
Isso porque, pela lei do cabo -que regula os negócios
da Net-, estrangeiros só podem deter 49% das empresas
do ramo no país. Hoje quem
controla a Net é a Globo.
TV PAGA
A Folha apurou que está
nos planos da América Móvil
adquirir o controle da Net.
Para isso, é preciso que o
Congresso Nacional aprove o
PL 29, projeto de lei que permitirá a presença de estrangeiros como controladores
de empresas de telecomunicações no país.
As chances de isso ocorrer
neste ano são remotas. Além
disso, as empresas de TV paga fazem pressão contra a votação desse projeto, que também permitirá a entrada das
teles no mercado de TV paga.
Elas querem que sejam impostas restrições à atuação
das operadoras de telefonia
nesse negócio.
Caso o PL 29 seja aprovado, Slim pretende fechar o
capital da Net e colocá-la sob
o guarda-chuva da América
Móvil. Dessa forma, seria
possível oferecer pacotes
"quadriple-play" (telefonia
fixa, móvel, internet e TV paga) e ganhar mercado.
Consultadas, as empresas
envolvidas negaram-se a comentar o assunto.
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