São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010

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Carlos Slim vai fundir Embratel e Claro

Dono das duas empresas quer consolidar suas operações e gerar economia para enfrentar a concorrência futura

Negócio deverá ser concretizado em dois meses; junção deve gerar até 30% de economia de custo

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

O bilionário mexicano das telecomunicações Carlos Slim decidiu fundir a Embratel (telefonia fixa) e a Claro (telefonia móvel).
A Folha apurou que a mudança ocorrerá em dois meses, no máximo, e que o atual presidente da Embratel, José Formoso Martínez, deverá assumir a nova empresa.
O negócio também depende de aprovação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Há outros nomes na disputa pelo comando da nova companhia, como o do presidente da Claro, João Cox. Mas Slim prefere Martínez.
A reestruturação do grupo do empresário mexicano no Brasil é reflexo de uma mudança que começou no exterior. Em janeiro, a América Móvil comprou a Carso, holding que controla a Telmex México e Internacional. Todas elas são de Slim.
Essa modificação acionária entre as empresas já tinha colocado Embratel, Claro e parte da Net debaixo do guarda-chuva da América Móvil.
Agora, Slim quer consolidá-las em uma única empresa no país, a América Móvil, para ganhar eficiência e reduzir gastos.
Cálculos iniciais indicam que a sinergia (economia de custo) entre as duas operadoras poderia ficar entre 20% e 30%, acima da média.
A Oi disse que teria sinergia de 20% na compra da Brasil Telecom, mas ainda não atingiu essa meta. A TIM teve 15% com a Intelig. A Vivo passou a economizar R$ 1 bilhão por ano após a integração acionária de suas operadoras.
Com a fusão entre Claro e Embratel, será possível ampliar o compartilhamento de infraestrutura e oferecer pacotes de telefonia integrados.
Também será mais fácil conseguir crédito com juros mais baixos devido ao porte da nova companhia.

CONSOLIDAÇÃO
A Folha apurou com pessoas próximas a Slim que o empresário mexicano está descontente com os resultados exibidos pelo grupo no Brasil e decidiu reestruturá-lo para enfrentar a concorrência da Vivendi, da Telefónica e da Portugal Telecom.
Esses grupos deverão ficar mais agressivos, principalmente na telefonia celular, a partir de 2011. Os franceses, por exemplo, estão com apetite para levar as frequências de 3G que serão leiloadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda neste ano.
Os resultados das empresas de Slim no Brasil são considerados positivos pelos analistas, mas ele quer mais.
A Claro, por exemplo, ultrapassou a TIM em clientes, mas ainda não conseguiu partir para cima da Vivo. A Net lidera em seu ramo, mas os dividendos não podem ser apropriados integralmente.
Isso porque, pela lei do cabo -que regula os negócios da Net-, estrangeiros só podem deter 49% das empresas do ramo no país. Hoje quem controla a Net é a Globo.

TV PAGA
A Folha apurou que está nos planos da América Móvil adquirir o controle da Net. Para isso, é preciso que o Congresso Nacional aprove o PL 29, projeto de lei que permitirá a presença de estrangeiros como controladores de empresas de telecomunicações no país.
As chances de isso ocorrer neste ano são remotas. Além disso, as empresas de TV paga fazem pressão contra a votação desse projeto, que também permitirá a entrada das teles no mercado de TV paga.
Elas querem que sejam impostas restrições à atuação das operadoras de telefonia nesse negócio.
Caso o PL 29 seja aprovado, Slim pretende fechar o capital da Net e colocá-la sob o guarda-chuva da América Móvil. Dessa forma, seria possível oferecer pacotes "quadriple-play" (telefonia fixa, móvel, internet e TV paga) e ganhar mercado.
Consultadas, as empresas envolvidas negaram-se a comentar o assunto.


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