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EUA terão poder para assumir bancos
Comissão do Congresso americano também aprova restrições a investimentos arriscados e controle a agências
Executivos de Wall Street consideram que proposta é mais branda; governo amenizou regras por consenso
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Os EUA deram ontem um
passo crucial para a aprovação da mais ampla reforma
financeira desde a crise dos
anos 1930. A lei, que ainda
depende da aprovação do
Congresso, deve aumentar o
controle sobre os bancos.
Pela proposta, o governo
terá inclusive poderes para
assumir o controle e dividir
instituições financeiras consideradas "grandes demais
para quebrar", colocando em
risco a estabilidade de todo o
sistema e que, portanto, têm
que ser socorridas.
Após mais de 20 horas de
negociação, uma comissão
do Congresso chegou a um
acordo de reconciliação entre o projeto aprovado em dezembro do ano passado pelos deputados e o votado pelo Senado no mês passado.
Com esse passo, o Congresso deve votar o projeto
na semana que vem.
A intenção é impedir que
os bancos assumam investimentos tão arriscados e, assim, evitar uma crise como a
atual, em que governos de todo o mundo colocaram centenas de bilhões de dólares
para resgatar instituições.
Entre os itens propostos,
estão também a criação de
uma agência federal de defesa do consumidor, a regulação de derivativos e o maior
controle sobre as empresas
de avaliação de risco.
O presidente Barack Obama disse que a proposta que
saiu do acordo de ontem inclui "90% do que eu propus
quando assumi essa luta".
"As reformas que estão andando no Congresso vão tornar Wall Street responsável
[por seus atos]", afirmou
Obama, "para podermos ajudar a prevenir crises financeiras como a da qual ainda
estamos nos recuperando."
ABRANDAMENTO
A legislação que saiu do
consenso é mais dura que a
reforma proposta pelo governo dos EUA, há um ano, mas
os pontos que tinham maior
oposição de Wall Street foram suavizados para garantir
os votos dos moderados democratas (partido de Obama)
e republicanos (oposição).
Um dos itens abrandados
foi a chamada regra Volcker
(em homenagem a Paul Volcker, ex-presidente do BC dos
EUA e que foi um dos seus
principais defensores).
Inicialmente, ela vetava
que bancos colocassem o dinheiro deles em fundos de
hedge e de "private equity"
(de aquisição de empresas).
Agora, ela impõe um limite
sobre esses gastos.
Outro ponto que sofreu
modificação vai permitir que
os bancos mantenham a
maior parte das suas operações com derivativos. Apenas os considerados mais arriscados terão que ser negociados por uma nova divisão,
separada da instituição.
A novidade do consenso
foi a criação de uma taxa sobre os bancos para arrecadar
os US$ 19 bilhões necessários
para cobrir os custos da reforma. Porém, a interpretação
de Wall Street é que a taxa foi
um preço pequeno a pagar,
levando em consideração
que o projeto é menos duro
que pensavam inicialmente.
"Nós todos estamos aliviados por aqui", disse um banqueiro. "Ela [a lei] poderia ter
sido muito pior e, levando tudo em consideração, podemos viver com isso."
Com o "Financial Times"
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