São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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EUA terão poder para assumir bancos

Comissão do Congresso americano também aprova restrições a investimentos arriscados e controle a agências

Executivos de Wall Street consideram que proposta é mais branda; governo amenizou regras por consenso

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os EUA deram ontem um passo crucial para a aprovação da mais ampla reforma financeira desde a crise dos anos 1930. A lei, que ainda depende da aprovação do Congresso, deve aumentar o controle sobre os bancos.
Pela proposta, o governo terá inclusive poderes para assumir o controle e dividir instituições financeiras consideradas "grandes demais para quebrar", colocando em risco a estabilidade de todo o sistema e que, portanto, têm que ser socorridas.
Após mais de 20 horas de negociação, uma comissão do Congresso chegou a um acordo de reconciliação entre o projeto aprovado em dezembro do ano passado pelos deputados e o votado pelo Senado no mês passado.
Com esse passo, o Congresso deve votar o projeto na semana que vem.
A intenção é impedir que os bancos assumam investimentos tão arriscados e, assim, evitar uma crise como a atual, em que governos de todo o mundo colocaram centenas de bilhões de dólares para resgatar instituições.
Entre os itens propostos, estão também a criação de uma agência federal de defesa do consumidor, a regulação de derivativos e o maior controle sobre as empresas de avaliação de risco.
O presidente Barack Obama disse que a proposta que saiu do acordo de ontem inclui "90% do que eu propus quando assumi essa luta".
"As reformas que estão andando no Congresso vão tornar Wall Street responsável [por seus atos]", afirmou Obama, "para podermos ajudar a prevenir crises financeiras como a da qual ainda estamos nos recuperando."

ABRANDAMENTO
A legislação que saiu do consenso é mais dura que a reforma proposta pelo governo dos EUA, há um ano, mas os pontos que tinham maior oposição de Wall Street foram suavizados para garantir os votos dos moderados democratas (partido de Obama) e republicanos (oposição).
Um dos itens abrandados foi a chamada regra Volcker (em homenagem a Paul Volcker, ex-presidente do BC dos EUA e que foi um dos seus principais defensores).
Inicialmente, ela vetava que bancos colocassem o dinheiro deles em fundos de hedge e de "private equity" (de aquisição de empresas). Agora, ela impõe um limite sobre esses gastos.
Outro ponto que sofreu modificação vai permitir que os bancos mantenham a maior parte das suas operações com derivativos. Apenas os considerados mais arriscados terão que ser negociados por uma nova divisão, separada da instituição.
A novidade do consenso foi a criação de uma taxa sobre os bancos para arrecadar os US$ 19 bilhões necessários para cobrir os custos da reforma. Porém, a interpretação de Wall Street é que a taxa foi um preço pequeno a pagar, levando em consideração que o projeto é menos duro que pensavam inicialmente.
"Nós todos estamos aliviados por aqui", disse um banqueiro. "Ela [a lei] poderia ter sido muito pior e, levando tudo em consideração, podemos viver com isso."

Com o "Financial Times"


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