São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Governo português pressiona contra proposta pela Vivo

Primeiro-ministro instrui acionista da PT a rejeitar oferta da Telefónica pela operadora

PETER WISE
DO "FINANCIAL TIMES", EM LISBOA

O governo de Portugal instruiu importante acionista estatal da PT (Portugal Telecom) a votar contra oferta de 6,5 bilhões apresentada pela Telefónica para comprar a fatia do grupo português na Vivo, parceria de telefonia móvel entre as companhias.
O primeiro-ministro português, José Sócrates, disse ontem no Parlamento que o governo havia instruído o banco estatal Caixa Geral de Depósitos, detentor de 7,3% das ações da PT, a votar contra a proposta da companhia espanhola, em assembleia de acionistas na quarta-feira.
A admissão de envolvimento governamental expôs uma dimensão política aberta na disputa entre as duas operadoras quanto ao futuro de suas operações no Brasil.
As relações entre elas pioraram devido à oferta da Telefónica pelo controle da Vivo, a maior operadora de telefonia móvel da América Latina, que ela deseja fundir com a Telesp, sua operadora brasileira de telefonia fixa.
Depois de fazer uma proposta inicial de € 5,7 bilhões pela participação portuguesa na Vivo em maio, o grupo espanhol anunciou que manteria em aberto a possibilidade de lançar uma tentativa hostil de tomada de controle acionário da PT -ação que despertaria oposição política em Portugal.

INTERESSE ESTRATÉGICO
Sócrates disse que servia ao "interesse estratégico" de Portugal garantir que o país tivesse uma companhia de telecomunicações com dimensões internacionais da escala que a PT hoje oferece.
O comentário foi visto como confirmação da probabilidade de que os demais grandes acionistas portugueses votem contra a oferta da Telefónica pela Vivo, elevada a € 6,5 bilhões no dia 1º. Banco Espirito Santo, Ongoing e Visabeira, que em parceria com a CGD detêm cerca de 24% da Portugal Telecom, disseram considerar a Vivo ativo estratégico para o crescimento da companhia.
A Telefónica vendeu participação de 8% na PT nesta semana, mas não está claro se os novos proprietários das ações terão direito a votar sobre a oferta pela Vivo.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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